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Usina Catende pede socorro ao governo

As chuvas que devastaram diversos municípios pernambucanos no mês passado também colocaram em xeque o futuro da Usina Catende. Com as cheias, a empresa situada na cidade de mesmo nome da Zona da Mata do Estado perdeu máquinas, equipamentos, estruturas físicas, material de escritório, documentos, tratores. As barragens da pequena central hidrelétrica que gerava toda a energia da indústria foram destruídas. Um prejuízo total de pouco mais de R$ 22 milhões. Ontem, o juiz da 18ª Vara Cível do Recife (antiga Vara de Falências e Concordatas), Sílvio Romero Beltrão, e o síndico da massa falida da usina, Carlos Antônio Fernandes Ferreira, estiveram reunidos com o secretário de Planejamento e Gestão de Pernambuco, Geraldo Júlio, e solicitaram uma ajuda financeira do governo estadual para tornar possível o funcionamento da Catende na safra de cana-de-açúcar 2010/2011.

“Na última sexta-feira enviamos um relatório ao governador e ontem, na conversa com o secretário, ele se mostrou sensível ao problema. A usina precisa, de início, de algo entre R$ 12 milhões e R$ 15 milhões. Isso para não parar. Liberado o dinheiro, vai levar 60 dias para poder fazê-la funcionar”, explica Beltrão. Para ajudar a levantar o montante total de perdas, Carlos Ferreira segue amanhã para Brasília. Vai procurar o chefe do gabinete da presidência, Gilberto Carvalho, para pedir recursos também ao governo federal.

A peregrinação em busca de ajuda financeira poderia ser reduzida se não fosse a situação administrativa encontrada na usina por Ferreira ao assumir como síndico da massa falida, em agosto do ano passado. “A empresa estava sem um tostão e toda sucateada. Fizemos vendas antecipadas, conseguimos crédito com fornecedores e pudemos pagar alguns passivos, como os salários atrasados dos trabalhadores. Se não fosse essa situação e esse compromissos que precisamos assumir, com o faturamento de 2009 seria possível ter caixa para enfrentar a chuva”, afirma Carlos Ferreira.

A Usina Catende, fundada em 1892, chegou a ser a maior do Brasil no final da década de 20. Em meados dos anos 90, afundada em dívidas, teve sua falência decretado após a mobilização de seus funcionários. A empresa passou a ser controlada pelo síndico, com a participação dos trabalhadores que a fazem funcionar para pagar os débitos milionários. Inclusive os deles, que somam mais de R$ 60 milhões. Na safra 2009/2010, obteve um desempenho mediano. Esmagou 500 mil toneladas (t) de cana. Em épocas boas, esse volume chegava a até 900 mil t. O resultado foi uma receita de R$ 40 milhões.