Os bons preços do açúcar e a estratégia de vender álcool na entressafra renderam ao grupo São Martinho, um dos maiores sucroalcooleiros do país, um lucro líquido de R$ 33,1 milhões no quarto trimestre da safra 2009/10, encerrada em abril deste ano. Em igual período de 2009, a companhia havia registrado um resultado líquido positivo bem menor, de R$ 700 mil. A mesma estratégia fez com que a empresa acumulasse nos 12 meses do ano-safra um lucro recorde de R$ 93,2 milhões, depois de amargar prejuízo de R$ 71,9 milhões no mesmo intervalo da temporada anterior. A reversão, da ordem de R$ 160 milhões, veio acompanhada de um lajida (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) de R$ 120,2 milhões (56% de aumento) no quarto trimestre, e de R$ 363,692 milhões no ano (alta de 92%).
Fábio Venturelli, presidente da companhia, acrescenta que o bom desempenho se deveu à combinação de eficiência na administração logística de açúcar e álcool com a otimização da capacidade industrial para produzir mais açúcar, cujos preços estavam nos níveis mais elevados da história.
Justamente com o bom caixa gerado com a commodity, a empresa teve condições de estocar álcool durante o ano para comercializá-lo na entressafra. “Saímos do mercado quando os preços estavam a R$ 600 o metro cúbico, para vender, no fim da safra, quando o mercado pagava R$ 1,4 mil”, conta.
Ele explica que essa estratégia rendeu à companhia uma receita líquida de R$ 355,4 milhões no quatro trimestre (alta de 33%) e de R$ 1,183 bilhão (alta de 52,8%) nos 12 meses da safra. Em consequência, a empresa obteve margem lajida no trimestre de 33,8% – ante os 28,8% de igual trimestre de 2009 – e de 30,7% no ano, 6,2 pontos percentuais de avanço em relação ao consolidado da safra 2008/09. Se considerado o efeito das operações de hedge, as margens sobem para 36,3% no quarto trimestre e para 33,3% no ano.
O bom momento financeiro e operacional da São Martinho se somou na semana passada com o anúncio da parceria com a Petrobras Biocombustíveis. A estatal vai injetar R$ 420,8 milhões para ser minoritária (49%) em uma nova empresa de produção de etanol no Centro-Oeste. Em troca, a São Martinho entrará com os ativos da usina Boa Vista (GO) com capacidade para moer 2,5 milhões de toneladas de cana, um projeto ainda no papel de nova usina e repassará uma dívida líquida de R$ 409,5 milhões. Com isso, a São Martinho reduzirá sua dívida líquida para R$ 409 milhões e sua relação com o lajida de 2,27 vezes para 1,18 vez.