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Cosan pode voltar às compras ainda este ano, diz Ometto

A Cosan, maior produtora mundial de açúcar e etanol de cana, pode voltar a comprar novas usinas ainda este ano se os preços se mostrarem compatíveis com o retorno do investimento, disse Rubens Ometto Silveira Mello, presidente do Conselho de Administração do grupo.

“A crise financeira trouxe muita coisa à realidade, então os preços de usinas estão vindo a uma realidade compatível com o retorno do investimento. E tão logo isso chegue ao patamar que a gente acha que é um bom investimento, nós voltaremos às comprar”, disse Ometto, acrescentando que vê essa movimentação ainda este ano.

Sobre construir usinas fora do Brasil, Ometto não acredita ser um projeto viável para a Cosan, uma vez que considera o Brasil a melhor região para a produção de açúcar e etanol para a companhia. “Isso pra mim não faz sentido nenhum. O Brasil é o melhor lugar do mundo para você plantar cana e produzir açúcar e álcool, então não faz sentido nenhum eu ir para outros países”, afirmou o executivo durante evento de inauguração da nova usina da Cosan em Jataí, Goiás.

A planta inaugurada ontem contou com investimento de aproximadamente R$ 1 bilhão, distribuídos entre as áreas agrícola, industrial e administrativa. Do total, R$ 639 milhões foram financiados pelo Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). A capacidade instalada da nova planta permitirá a produção de 370 milhões de litros de etanol por safra.

A unidade também realizará a co-geração de energia elétrica proveniente do bagaço e da palha da cana, com potência instalada de 105 MW de energia elétrica. A companhia prevê comercializar o excedente desta produção.

A nova usina será responsável pela geração de aproximadamente 6 mil empregos diretos e indiretos quando estiver em pleno funcionamento. Hoje, já conta com 1,5 mil funcionários diretos.

O escoamento da produção aproveitará diversos sistemas modais, como hidrovia, rodovia e ferrovia. O álcool seguirá por hidrovia de São Simão (GO) até Anhembi (SP) ou Pederneiras (SP), onde será escoado pelos sistemas ferroviário e rodoviário até Paulínia (SP).

A Cosan possui 23 unidades produtoras, das quais 21 em São Paulo e duas iniciando produção nas cidades de Jataí (GO) e Caarapó (MS), quatro refinarias e dois terminais portuários. Atua no varejo com as marcas União e Da Barra, no segmento de distribuição de combustíveis por meio da Esso, e na produção e distribuição de lubrificantes automotivos e industriais, com a Mobil.

Ometto acredita que os preços do açúcar podem ficar estáveis e a presença do Brasil no mercado internacional deve ganhar força.

“O que você vai ver é que o mercado vai estar cada vez mais equilibrado. O Brasil cada vez mais dominando o mercado mundial de açúcar. Isso cria a condição de a gente manter os preços mais estáveis, com menos volatilidade”, projetou ele, afirmando que os níveis atuais devem ser mantidos.

Em relação à parceria com a petroleira Shell, anunciada em fevereiro, o executivo limitou-se a garantir que “vai bem”.

“Eu tenho que me disciplinar porque eu gosto muito de falar sobre isso, mas se eu falar a CVM [Comissão de Valores Mobilíarios] vem atrás de mim….o que eu posso dizer é que vai muito bem.”

ETH quer Cosan

A ETH Bioenergia busca parceria com a Petrobras e com a Cosan para baratear um projeto de um alcoolduto para interligar a Região Centro-Oeste do País ao município de Paulínia (SP). A unidade foi inicialmente orçada entre R$ 3 bilhões e R$ 4 bilhões.

“Hoje existem conversas, mas isso passa por uma decisão empresarial”, disse Luis Felli, vice-presidente de Operações Agroindustriais da ETH. Atualmente, a empresa está avaliando a economicidade do projeto e o melhor traçado para torná-lo ainda mais competitivo em comparação a outros modais de transporte. A expectativa é que o alcoolduto gere uma redução do custo logístico de 20% a 30%.

Felli acredita ainda que o preço médio do litro do álcool deverá ficar, este ano, inferior ao registrado em 2009 devido ao aumento de produção.

Há uma tendência de redução da produção de açúcar, com migração para o álcool devido à melhora da safra da cana na Índia, produtora mundial. “A tendência é que a produção do álcool fique mais atraente nesta safra, que vai de maio deste ano a abril do ano que vem”, disse Felli.

A Cosan pode voltar a comprar usinas ainda este ano se os preços se mostrarem compatíveis com o retorno do investimento, disse Rubens Ometto Silveira Mello, presidente do Conselho de Administração do grupo.