Mercado

"Farra na bomba" parece distante

Quem espera por uma nova farra nos preços do álcool em 2010 pode ter uma decepção. Este ano os preços não terão grandes variações, como em 2008 e 2009, por exemplo, quando os consumidores chegaram a comprar o litro do etanol hidratado por até R$ 0,98. Pelo menos esta é a tendência do mercado, segundo representantes da cadeia produtiva do etanol.

Este termômetro já está sendo sentido agora, em plena safra de cana-de-açúcar, porque os preços se mantêm firmes na casa de 1,56. No ano passado, nesta mesma época, os preços apresentavam variações – para baixo – de R$ 0,17 a R$ 0,20 por litro em relação aos preços atuais. Sinal de que o mercado este ano está trabalhando com “saia justa”, sem indícios de oscilações nos preços favorecendo o consumidor.

“Há dois anos vínhamos fazendo este alerta: se os preços do etanol não se ajustassem ao patamar de R$ 1,50 o litro, o setor não se sustentaria, pois é impossível trabalhar por anos consecutivos no vermelho ou com margens extremamente achatadas”, aponta o superintendente do Sindicato das Indústrias Sucroalcooeiras de Mato Grosso (Sindálcool), Jorge dos Santos.

Segundo ele, nos últimos anos as usinas tiveram perdas com a atividade. Algumas tiveram inclusive de pedir recuperação judicial, caso das usinas Jaciara, Pantanal, Alcoopan e Libra, que representam quase 40% do parque sucroalcooleiro do Estado.

Com a “quebradeira” das empresas, o setor praticamente deixou de fazer investimentos nos últimos anos. “Retrocedemos. Reduzimos a nossa produção em mais de 1 milhão de toneladas de cana-de-açúcar e milhares de empregos deixaram de ser gerados”, informou Santos. Em um período de apenas dois anos, a produção caiu de 15,20 milhões de toneladas para 14 milhões de toneladas.

POSTOS – o comércio varejista também aposta em manutenção dos preços do etanol este ano. “Acredito que os preços devem se manter nos patamares atuais, mesmo porque a indústria não suportaria uma baixa aos níveis da que tivemos no ano passado”, disse o presidente do Sindicato do Comércio Varejista de Derivados de Petróleo (Sindipetróleo), Aldo Locatelli.

Segundo ele, mesmo com os preços atuais o ganho é muito pequeno em função dos impostos. “A tendência do etanol é ficar no patamar de 60% do preço da gasolina. O consumo está estável, não há reclamações por parte dos consumidores e tudo indica que o preço de hoje é o ideal para o mercado”.

Com os preços nos atuais patamares, as usinas acreditam que o setor pode se recuperar da crise. “Podemos dar um tratamento mais conveniente aos canaviais e torná-los mais produtivos”, afirmou Jorge dos Santos.

Para ele, os preços ao produtor hoje são “remuneradores”, mas estão no limite. “Não podemos ter grandes variações, se sairmos da casa de R$ 1,50 para o consumidor final poderemos ter problemas mais na frente”. Santos diz que o mercado está sendo atendido “sem sobressaltos” e a oferta está equilibrada.

“O ganho que tivemos foi o aumento do consumo de álcool hidratado, que saltou de 275 milhões de litros em 2008 para 395 milhões de litros no ano passado (incremento de 43,63%)”, lembrou. (MM)