Mercado

Braskem quer aumentar produção de "plástico verde"

A petroquímica Braskem quer aumentar a sua capacidade de produção de resinas a partir do etanol para a obtenção do chamado “plástico verde”. A companhia elevou de 150 mil para 200 mil toneladas a capacidade anual de produção de sua primeira unidade que substitui o petróleo pela cana-de-açúcar como matéria-prima, que será inaugurada no segundo semestre, em Triunfo (RS). E planeja investir em outras fábricas.

Diante da crescente demanda por produtos de origem renovável que identifica no mercado, o vice-presidente de Planejamento e Tecnologia da Informação da Braskem, Alan Hiltner, disse ontem que a companhia aposta no segmento. A empresa já tem projetos de fábricas com capacidade de até 400 mil toneladas, mas ele n! ão deu detalhes sobre as regiões em que elas seriam instaladas.

De acordo com ele, a fábrica de Triunfo começará a operar em agosto com toda a produção já vendida, apesar de o produto obtido da cana-de-açúcar ainda ser 30% mais caro do que o similar derivado do petróleo. “Mesmo assim, não tem para quem quer”, afirmou o executivo, em seminário sobre as perspectivas da petroquímica brasileira promovido ontem pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), no Rio de Janeiro.

Ainda segundo Hiltner, a certificação verde do plástico que será produzido pela Braskem no Rio Grande do Sul exerce maior atração sobre o mercado europeu, mas também há compradores nacionais interessados. Ele diz acreditar que a Europa apostará na política verde como mecanismo de incentivo da economia e barreira aos produtos asiáticos, que investem em petroquímica.

Incentivos na Europa. O executivo revelou que a Braskem recebeu do governo da Holanda a oferta de incentivos e uma área em Roterdã para instal! ar uma unidade similar à de Triunfo naquele país. A empresa, segundo ele, também foi sondada pela França com o mesmo objetivo. No entanto, a petroquímica resiste diante de fatores competitivos desfavoráveis à instalação de ativos na Europa. “Estamos repensando”, afirma o vice-presidente de Planejamento e Tecnologia da Informação da companhia.

Na visão de Alan Hiltner, as limitações para a produção em grande escala “são temporárias”. “Para nós, hoje, o gargalo não é mais tecnológico. É logística e tamanho de área plantada para ter unidades de até 1 milhão de toneladas.”

Presente no evento da FGV sobre as perspectivas para o setor petroquímico, Marcos De Marchi, presidente da Rhodia América Latina e dirigente da Associação Brasileira da Indústria Química (Abiquim), afirmou que a demanda verde não sustenta a venda de produtos com preços diferenciados. “A química verde só sobrevive se for competitiva diante do petróleo. Na crise, o sujeito compra o mais barato. Não viveri! a desta ilusão.”

Aquisições no exterior. Hiltner afirmou que a Braskem continua atenta a oportunidades de aquisição no exterior como forma de aumentar a sua presença no cenário internacional. Para ele, o setor viverá até meados do ano que vem uma “janela” favorável a um forte processo de consolidação.

Ele afirmou que a empresa abre este ano um escritório em Cingapura em busca de oportunidades de aquisição e joint ventures na Ásia. “Em quatro anos, a Ásia representará 60% do mercado mundial de resinas. Se não estivermos lá, e hoje não estamos, estaremos fora do jogo mundial”, afirma.

Para entender

1.

O que é o plástico verde?

O plástico obtido a partir do etanol é chamado de verde por vir de uma matéria-prima renovável.

2.

Como é o processo de produção?

O processo de obtenção de carbono da cana-de-açúcar consiste na desidratação do álcool com a ajuda de catalisadores. Após a purificação, é obtido o eteno adequado ao processo de polimerização! , permitindo a obtenção de todos os tipos de polietileno – que, por sua vez, dá origem a diversos tipos de produtos plásticos.