A interrupção do ritmo de investimento no setor sucroalcooleiro trará ajustes para o mercado já em 2011, segundo o diretor-técnico da Unica, Antônio de Pádua Rodrigues. O primeiro deles, segundo ele, é uma mudança no mix de produção. “Se os preços do açúcar caírem, o setor tem flexibilidade para reduzir a produção da commodity e aumentar a de etanol”, afirma.
Mas para isso, continua ele, é preciso que haja um preço de equilíbrio que sustente a produção do biocombustível, o que tende a acontecer, segundo Pádua. “Tudo indica que o cenário será mais favorável ao mercado de etanol”.
O segundo ponto, de acordo com ele, é que a expansão da capacidade de produção nos próximos três anos venha das cerca de 100 usinas construídas entre 2005 e 2009. São projetos que ainda não atingiram sua capacidade total de processamento, segundo o diretor técnico da União da Indústria de Cana-de-açúcar (Unica), e que, com muito menos investimento, consegue dobrar a própria capacidade de moagem.
“Em média, esses projetos têm cada um capacidade para moer 1,2 milhão de toneladas de cana-de-açúcar por safra e têm potencial, no curto prazo, para dobrar para 2,5 milhões”, afirma o executivo da Unica.
Há também, afirma Pádua, projetos que foram paralisados com 40% a 50% dos investimentos feitos e que, se retomados, conseguem ser concluídos até 2012. Ele explica que um projeto em fase inicial, ou seja, que ainda esteja na fase de formação de viveiros ou licenciamento ambiental, demora de três a quatro anos para começar a operar.
O ritmo dessa retomada vai depender de alguns fatores, segundo ele. “Alguns grupos estão buscando parceiros, recuperação de preços e abertura do mercado internacional, sobretudo o americano”. Para este ano, a Unica prevê a entrada em operação de dez usinas novas e, para 2011, há potencial para mais cinco. “São projetos que começaram há quatro anos”. (FB)