Mercado

Preço de combustíveis vai continuar em queda

No dia 1º de maio, o percentual de adição de etanol à gasolina vai passar de 20% para 25%. As expectativas de proprietários de postos de combustíveis em Goiânia apontam para alta nos preços, mas, às vésperas da alteração, o cenário é de queda em vários postos de Goiânia. O preço médio praticado na Capital nesta semana, segundo relatório semanal da Agência Nacional de Petróleo (ANP), é de R$ 2,36 para a gasolina e R$ 1,388 para o álcool. Em alguns estabelecimentos, o consumidor pode encher o tanque pagando bem menos.

Em vários postos, os dois combustíveis estão sendo vendidos com valores cerca de 18% menores do que a média. Consumidores fazem grandes filas em estabelecimentos na Avenida Pio XII, na BR-153 e GO-060. Nesses locais, o álcool sai por R$ 1,17 o litro e a gasolina, a R$ 2,19.

O funcionário público Nélio Felipe, 38, gasta aproximadamente R$ 800 por mês para abastecer o carro. Se optasse pelo álcool, com o preço mais baixo, ele ganharia quase 110 litros a mais do combustível. Na gasolina, o valor daria para colocar 26 litros a mais no tanque. “O jeito é pesquisar e diminuir o peso do pé.”

Já a estudante Amanda Lima de Oliveira, 22, gasta um tanque de combustível por semana, cerca de 50 litros, e sempre que pode faz pesquisa para evitar ter prejuízos. Ontem, ela optou por pagar mais caro pelo litro do álcool. O motivo é que quase todos os estabelecimentos com preços menores só aceitam o pagamento à vista. Para ela, os preços muito abaixo da média geram dúvidas quanto à procedência. “Tive que pagar com cartão e tenho medo de abastecer em qualquer lugar.”

Baixa na usina

O preço do álcool na indústria caiu 5,2% na última semana e, de acordo com o presidente do Sindicato da Indústria de Fabricação de Álcool do Estado de Goiás (Sifaeg), André Rocha, o retorno da adição de anidro à gasolina não deve interferir nos preços de ambos os combustíveis. “Não há porque aumentar preço. Pelo contrário, mesmo se o governo retomar a Cide (imposto sobre os combustíveis), a tendência é cair mais ainda”, avalia.

O executivo do Sindicato Nacional das Empresas Distribuidoras de Combustíveis e Lubrificantes (Sindicon), Alísio Vaz, também acredita que a expectativa de alta nos preços a partir de maio não seja confirmada. “Os preços devem manter a mesma média atual, já que deve haver compensação na Cide”, ressalta.

Empresários reclamam de concorrência desleal

Com a livre concorrência, cada um atribui o valor que quiser ao seu produto, mas a diferença de preços não agrada a todos. Proprietário de dois postos de combustíveis em Goiânia, um deles no Setor Urias Magalhães, Durval Júnior reclama dos prejuízos acumulados nos últimos meses.

Ele conta que compra os produtos nas distribuidoras por R$ 1,31 o álcool e R$ 2,23 a gasolina. “O lucro é de oito centavos no álcool e seis na gasolina. A concorrência é desleal”, avalia. Segundo Durval, já demitiu três e os cortes vão continuar. “Só este mês já perdi mais de R$ 15 mil.”

No Jardim América, o gerente de posto de combustíveis Alexandre Freitas de Oliveira conta que dois funcionários foram dispensados recentemente e outros dois devem ser demitidos. “Não tem como trabalhar assim. Enquanto uns pagam caro pelo produto, outros, não sei como, revendem abaixo do valor de compra”, diz.

De acordo com o vice-presidente executivo do Sindicato Nacional das Empresas Distribuidoras de Combustíveis e Lubrificantes (Sindicon), Alísio Vaz, há indícios de sonegação de impostos em pelo menos cinco postos de combustíveis de Goiás. Segundo ele, o País perde cerca de R$ 1 bilhão por ano com a sonegação sobre a comercialização de etanol. Ele avalia que os preços praticados por alguns desses estabelecimentos não se sustentam se forem obedecidas as regras de tributação sobre os combustíveis.

Governo busca equalizar juros para o setor sucroalcooleiro

Para tornar mais atraente para as usinas o financiamento para estocagem de etanol, o governo estuda equalizar com recursos do Tesouro Nacional a taxa de juro dos empréstimos concedidos ao setor sucroalcooleiro. O objetivo da medida, que deve ser anunciada ainda no primeiro semestre de 2010, é garantir o abastecimento regular de etanol na próxima entressafra de cana-de-açúcar. No ano passado, a demanda pelo montante disponibilizado de R$ 2,3 bilhões ficou muito abaixo das expectativas.

Falta de documentação e o índice de endividamento das usinas foram dois fatores que afugentaram os empresários das agências bancárias. O Banco do Brasil (BB) e o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) foram os operadores da linha anunciada no ano passado.

O governo estabeleceu que a taxa de juro do financiamento “na boca do forno” era a taxa Selic. Hoje, a Selic é de 8,75% ao ano. No entanto, o banco considera outros itens para determinar o quanto deve ser pago pelos usineiros. O chamado “spread bancário” e o risco da operação são dois desses itens, daí a necessidade de o governo equalizar a taxa para tornar o financiamento mais atraente. “Um financiamento precisa chegar a uma taxa favorável, caso contrário as usinas não querem”, disse um interlocutor. Mesmo diante da baixa adesão das usinas à linha de financiamento do ano passado – estima-se que apenas R$ 33 milhões do total de R$ 2,3 bilhões tenham sido contratados –, o governo insiste na necessidade de uma política de estocagem de álcool para o período de entressafra. (AE)

Faça as contas

Posto Setor Álcool Gasolina

Auto Posto Urias Urias Magalhães R$ 1,39 R$ 2,29

Posto Pio XII Rodoviário R$ 1,18 R$ 2,19

Posto Caiapó Rodoviário R$ 1,17 R$ 2,19

Posto Aero Sete Negrão de Lima R$ 1,39 R$ 2,39

Posto Vera Cruz Conj. Vera Cruz R$ 1,24 R$ 2,25

Posto 3 T Parque Amazônia R$ 1,39 R$ 2,35

Posto Goianão Jaó R$ 1,49 R$ 2,49

Posto JR Vila St. Efigênia R$ 1,299 R$ 2,399

Posto Jd. Europa Jd. Europa R$ 1,27 R$ 2,27

Posto Magalhães Coimbra R$ 1,47 R$ 2,49

Posto T-2 Bueno R$ 1,39 R$ 2,44

Posto Pucci Campinas R$ 1,49 R$ 2,39