As ações de empresas de commodities puxaram o Ibovespa para baixo na sessão de ontem, com fortes perdas para os papéis de primeira linha (blue chips). Os recuos mais expressivos foram registrados por Fibria ON (3,29%, a R$ 37,05), Klabin PN (2,94%, a R$ 5,61), Petrobras ON (2,92%, a R$ 38,54) e Petrobras PN (2,38%, a R$ 34,39).
O presidente da estatal, Sergio Gabrielli, declarou ontem estar preocupado com o prazo apertado para a proposta de capitalização da Petrobras. Segundo José Góes, analista chefe da Win Trade, se essa capitalização não for realizada, o plano ambicioso de investimentos da petrolífera ficará inviável. “Essa capitalização virou um fantasma enorme para os papéis da empresa.
O ideal é esperar esse imbróglio – que já deixou as ações muito pesadas – desamarrar antes de se posicionar nela.” Goés afirma, contudo, que a empresa tem ótimos fundamentos e que, se o investimento for com horizonte de longo prazo, os papéis dela são em uma boa oportunidade, tendo em vista que o preço das ações está baixo.
De acordo com o analista, o setor de petróleo está em tendência de alta. As projeções para o preço do barril, feitas por Góes no início do ano, previam que o óleo fechasse 2010 a U$S 90. Hoje, ele acredita, no entanto, que o valor possa chegar a U$S 100, na esteira do aquecimento da economia.
Sobre o setor de papel e celulose, Góes acredita que, depois do rali das empresas, os investidores embolsaram os ganhos. Segundo a Associação Brasileira de Papelão Ondulado (ABPO), houve acréscimo de 20,5% nas vendas brasileiras de papelão ondulado em março na comparação com as vendas de um ano antes.
Forte recuo também para Redecard ON (-2,68%, a R$ 29), após o banco Morgan Stanely divulgar um relatório no qual reforçou a cautela em relação ao setor no País. A instituição se mostrou preocupada sobre a repercussão do término da exclusividade das duas principais credenciadoras de cartões de crédito do Brasil, a Redecard e a Cielo (ex-VisaNet), em junho.
Os papéis ON da Cosan também foram influenciados pelas recomendações do Morgan Stanely, que os classificou como “acima da média”, e subiram 3,93% (a R$ 22,50).
Ações do grupo do empresário Eike Batista também fincaram posições no ranking positivo: MMX ON galgou 2,39% (a R$ 13,28) e LLX ON teve aumento de 2,12% (a R$ 8,69). A mineradora foi indicada pela Barclays Capital, que alegou que a reduzida oferta de metais continuará a pressionar para cima os preços do minério de ferro. O analista considera o setor promissor, e recomenda as ações da Vale e das siderúrgicas CSN e Usiminas.
Sobre a MMX, Góes diz que é melhor para o investidor aguardar um pouco mais, já que não é possível ainda avaliá-la de forma consistente, por ser préoperacional.
Já Lojas Renner, que teve as estimativas de resultados elevada pelo UBS e preço-alvo revisado para cima pelo Barclays, subiu 1,35%, a R$ 41,40.