Com o fim da entressafra da cana-de-açúcar, o preço do álcool vem caindo há três semanas em Belo Horizonte. De acordo com o diretor executivo do site de pesquisas Mercado Mineiro, Feliciano Abreu, abastecer o carro a álcool já é mais vantajoso do que a gasolina em diversos postos da capital mineira. Em várias regiões de Belo Horizonte, como Noroeste, Pampulha e Venda Nova, em Contagem, o combustível já é comercializado por um valor equivalente ou menor que 70% do preço da gasolina – percentual necessário para que o álcool seja mais competitivo do que a gasolina. Portanto, é hora de o consumidor ficar atento e fazer as contas.
A pesquisa, feita a pedido do Estado de Minas e encerrada na terça-feira, consultou 180 postos de BH e da região metropolitana, e constatou que o menor preço do álcool encontrado nos postos pesquisados foi de R$ 1, 547, enquanto o maior foi de R$ 2,099 – variação de 35,68%. O preço médio do álcool, que era de R$ 1,811 em 23 de março, passou para R$ 1,723 na terça, com redução de 4,86%.
Já o menor preço da gasolina encontrado foi de R$ 2,265, e o maior, R$ 2, 699, com uma variação de 19,16%. A pesquisa encontrou ainda uma redução de 0,82% no preço médio da gasolina comum, tendo no dia 23 de março o valor de R$ 2,431 – e, em 6 de abril, de R$ 2, 411. O menor preço da gasolina pela média foi encontrado em Contagem, onde o preço médio é de R$ 2,350. Já o maior preço médio está na Região Sul de BH, de R$ 2, 583.
Segundo Abreu, o preço do etanol deve continuar caindo nas próximas semanas – tendência confirmada por Paulo Miranda Soares, presidente do Sindicato do Comércio Varejista de Derivados do Petróleo do Estado de Minas Gerais (Minaspetro). “O que aconteceu esse ano com o preço do álcool foi um pico atípico de entressafra. O grande volume de chuva de dezembro a janeiro atrapalhou o corte da cana. Mais de 50 milhões de toneladas não puderam ser colhidas, gerando menor oferta no mercado”, diz.
O álcool alcançou preço recorde em todos os estados brasileiros este ano, chegando a um valor equivalente a 90% do preço da gasolina, o que o tornou economicamente inviável para o consumidor. “Como a safra começou em março, em maio certamente já teremos o preço do álcool competitivo”, explica o presidente do Minaspetro.
De acordo com a pesquisa, a região onde se concentra o menor preço do álcool é Venda Nova, onde o preço médio é de R$ 1,664 – valor equivalente a 68% do preço da gasolina. Já o maior preço médio é encontrado por R$ 1,832 em Betim. Dentre os estabelecimentos que apresentaram os preços mais baixos da cidade estão o Posto Seguro, que fica no Bairro Caiçara, e o Posto Damasco, no Bairro Carlos Prates, onde o álcool é comercializado a R$ 1, 547.
De acordo com o gerente de pista do Posto Seguro, Wanderson Ferreira Gonçalves, a venda do etanol no estabelecimento cresceu 40% em relação ao mês passado. “Já que acreditamos em uma queda crescente, a comercialização deve ser ainda maior nas próximas semanas”, explica Gonçalves. O movimento no local era grande na tarde de ontem, e os consumidores já haviam percebido a vantagem de voltar a abastecer com o álcool.
Mas é bom ficar atento. Para percorrer os 445 quilômetros que separam Belo Horizonte do Rio de Janeiro, por exemplo, a gasolina deixou de compensar como observado nos últimos meses. O motorista já pode desembolsar praticamente o mesmo valor, abastecendo com álcool ou gasolina. Se considerado o preço mínimo do álcool comercializado em Belo Horizonte, de R$ 1,54, e da gasolina de R$ 2,26, a viagem em um Fiat Uno 1.0, modelo 2010 flex, consumiria aproximadamente R$ 68 para quem optar pelo álcool e de R$ 67 para quem abastecer com a gasolina. Já se o carro for um Ford K, também 1.0, modelo 2010, o motorista iria desembolsaria cerca de R$ 76 para viajar de álcool e R$ 77 para gasolina. (Colaborou Marinella Castro)