Mercado

Preço do álcool voltará a subir nas bombas

O álcool vai voltar a subir para o consumidor de Ribeirão Preto e região, mais tradicional produtora do país. Desta vez, segundo donos de postos e distribuidoras, a culpa é da oferta menor nas usinas, que negam e dizem que a cadeia de distribuição e comercialização do produto é que é falha.

De acordo com o indicador de preço diário do etanol medido pelo Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), desde o início do mês o litro do produto nas usinas subiu 16%, de 0,8245 para 0,978 (sem impostos).

Segundo o diretor regional da Brascombustíveis (Associação Brasileira do Comércio Varejista de Combustíveis Automotivos), Renê Abbad, as distribuidoras estão aplicando um aumento de R$ 0,28 sobre o etanol nesta semana para postos sem bandeira. “Além de caro, não estão entregando.”

Segundo o diretor regional do Sincopetro (Sindicato do Comércio Varejista de Derivados de Petróleo do Estado de São Paulo), Oswaldo Manaia, tem sido comum “pedir dez e entregarem cinco”, em referência à oferta menor.

O volume menor disponível para entregar aos postos está sendo causado, segundo o vice-presidente do Sindicom (Sindicato Nacional das Empresas Distribuidoras de Combustíveis e de Lubrificantes), Alísio Vaz, por um descompasso entre a retomada da demanda pelo etanol, impulsionada pelos preços que vinham baixando nas bombas, e a oferta do produto nas usinas -a maior parte delas começou sua safra na segunda quinzena de maio.

“Na verdade, o etanol não podia estar tão barato porque não havia produto para sustentar essa demanda”, disse Vaz.

O início da safra, segundo ele, trará “um novo reequilíbrio entre oferta e demanda”. Com isso, os preços devem voltar a um patamar um pouco mais alto do que os praticados hoje (em média R$ 1,49 o litro).

“A culpa é de toda a cadeia produtiva”, disse o presidente da Unica (União das Indústrias de Cana-de-Açúcar), Marcus Jank. Para ele, a instabilidade nas cotações do etanol é causada por problemas estruturais e históricos no sistema de comercialização. “Falta sentarmos com a ANP e desenharmos uma política de comercialização do século 21, que tenha mercados futuros, estocagem e agentes comercializadores.”

A Unica lançou nota, ontem, criticando as distribuidoras. Segundo a Unica, “se o produto não está sendo entregue pelas distribuidoras nos postos, é porque o mesmo não está sendo adquirido pelas distribuidoras em volume que permita manter os postos abastecidos”.

O reflexo na alta dos preços tem sido pequeno até o momento, segundo os representantes dos donos de postos.

Abbad diz acreditar que os empresários irão tentar repassar somente parte do reajuste das distribuidoras. Para Manaia, os postos estão esperando o movimento do mercado para definir os aumentos.

Os representantes das distribuidoras e das usinas disseram que não há risco de desabastecimento de etanol.