Biodiesel em dobro no 1º ano da usina

Um ano depois da sua instalação, completado ontem, a usina de biodiesel da Petrobras, com sede em Montes Claros, Norte de Minas, apresenta números positivos, outros nem tanto. Nesse período, teve sua capacidade de produção ampliada em cerca de 90%, passando dos iniciais 57 milhões para 108,6 milhões de litros/ano. Em 12 meses, foram produzidos 53,5 milhões de litros de biodiesel. De acordo com o gerente de Produção da unidade, Julio Cezar Monteiro Lopes, com a ampliação da capacidade instalada, a produção deverá atingir 76,5 milhões de litros em 2010.

Embora sejam comemorados bons resultados na produção e na comercialização do biodiesel, a usina da Petrobras em Minas ainda está longe de alcançar a meta traçada para a geração de empregos no campo, com o incentivo ao plantio de oleaginosas, usadas como matérias-primas para a obtenção do biocombustível. O empreendimento foi instalado com a meta de ocupar 15 mil famílias de pequenos produtores. Mas, passado um ano da sua inauguração, foram firmados contratos com 8.438 agricultores familiares, para o plantio de mamona, soja e girassol. Outro ponto é que, apesar do discurso do governo de que usina iria aproveitar, em boa parte, matérias-primas dos agricultores familiares das regiões Norte e Noroeste de Minas e do Vale do Jequitinhonha, até agora, 98% da matéria-prima usada na unidade é a soja, adquirida no Triângulo Mineiro, Bahia, Goiás e outras regiões produtoras.

A unidade de Montes Claros recebeu investimentos de R$ 73,4 milhões, sendo implantada juntamente com outras duas usinas de biodiesel da Petrobras, de Candeias (BA) e Quixadá (CE). De acordo com o gerente de Administração da usina de biodiesel de Montes Claros, Marco Hiran Pereira, a ampliação da capacidade de produção foi conseguida graças à inovação tecnológica e mudanças nos próprios equipamentos – processo chamado de “desengargalamento”. Segundo Pereira, com o processo, foi possível a ampliação da capacidade de produção sem a necessidade de novos investimentos.

Já o gerente de Suprimentos da usina, Nelson Orasmo Filho, justifica que a Petrobras vem fazendo compras da agricultura familiar da região desde a safra 2006/2007. Foram compradas 400 toneladas, envolvendo mamona, soja e girassol. Na safra 2008/2009, foram adquiridas 10 mil toneladas, quantidade que deve subir para cerca de 25 mil a 30 toneladas na safra 2009/2010. Orasmo Filho disse, no entanto, que as oleaginosas compradas dos pequenos produtores estão estocadas em armazéns da região e serão esmagadas assim que alcançarem uma quantidade que venha compensara industrialização.

Este ano, a mistura no biocombustivel no diesel passou para 5%. Inicialmente, esse percentual de mistura seria adotado apenas em 2013. Mas o governo decidiu antecipá-lo para 2010. Monteiro Lopes informou todo o produto produzido pela unidade vem sendo comercializado nos leilões realizados pela Agência Nacional do Petróleo e Gás Natural (ANP). Apesar de inaugurada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva em 6 de abril de 2009, a usina começou a funcionar em caráter experimental em 12 de janeiro do ano passado.