A safra da cana-de-açúcar já começou em Minas Gerais e forçou para baixo os preços do etanol nas bombas em todo o estado. O Sindicato da Indústria do Açúcar e do Álcool de Minas Gerais (Siamig/Sindaçúcar-MG) informou ontem que os produtores já estão trabalhando com uma queda de preços de R$ 0,45 por litro, em relação a janeiro e fevereiro. Para o consumidor, a média dos preços, no entanto, recuou somente R$ 0,21. Segundo o presidente da entidade, Luiz Custódio Cotta Martins, as usinas estão vendendo o combustível abaixo do preço de custo, mas a elevação das margens de lucro das distribuidoras é que retarda o repasse dos novos preços ao consumidor. “Com a safra, a tendência é de que a redução se mantenha”, avalia.
De acordo com levantamento de preços da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) durante a última semana os preços do etanol nos postos de Belo Horizonte variaram de R$ 1,545 a R$ 2,199, com média de R$ 1,851. No fim de fevereiro, quando o preço do álcool atingiu seu ápice, a variação na capital ficou entre R$ 1,722 e R$ 2,395, com média de R$ 2,050.
No Posto Ponte Nova, na Região Centro-Sul da capital, o preço do álcool caiu de R$ 1,99, em fevereiro, para R$ 1,79. Mesmo com aumento de 10% nas vendas, o volume vendido ainda é baixo. Antes da alta do etanol, em novembro de 2009, eram vendidos 4,5 mil litros de álcool por dia. Esta semana, a venda ficou em 2 mil litros diários. Segundo o Siamig/Sindaçúcar, para cada litro de combustível vendido em setembro de 2009, 0,45 litro era de etanol hidratado, volume que caiu para 0,2 litro em janeiro.
O professor André Costa constatou que a relação do preço do álcool com o da gasolina já chegou a 70% no posto em que abastece e ele acredita que a troca de combustível tornou-se vantajosa. “Para quem tem carro flex, vale a pena abastecer de novo com o álcool”, afirma. Mas essa não é a realidade em todos os postos. Segundo o Siamig/Sindaçúcar, para alcançar competitividade suficiente para se tornar a melhor opção de abastecimento, o álcool deveria ser vendido a R$ 0,61 pelo produtor para chegar à bomba com uma relação de 65% em relação à gasolina. “Os custos se aproximam de R$ 0,80 por litro. Se praticarmos esse preço, quebramos”, garante Cotta Martins.
A alternativa que o sindicato dos usineiros apresentou ao governo do estado é reduzir os impostos cobrados sobre o produto. “Em vários estados existe um diferencial entre a alíquota para a gasolina e para o álcool. Aqui paga-se igual (25%)”, pondera.
O biólogo Rafael Campos de Paula, que também tem carro flex, ainda abastece com gasolina na expectativa de maior redução no preço do etanol. “Vou esperar mais, pois acredito que o preço ainda vai cair.”
Ao contrário da última colheita, que amargou queda de 7% na produtividade em decorrência do excesso de chuvas, a safra deste ano promete crescimento de 5,31% do volume de açúcar recuperado por tonelada de cana. A expectativa é de que sejam produzidos 2,55 bilhões de litros de álcool, ante 2,28 bilhões da safra 2009/2010, uma elevação de 11,78%. Das 43 usinas em Minas, oito estão moendo cana e a maior parte deve iniciar esse processo em abril.
AÇUCAR Nos últimos 40 dias, os preços do açúcar despencaram no mercado externo com queda de quase 50%, passando de US$ 650 a tonelada, maior preço em 30 anos, para US$ 350. “No mercado interno não houve redução com tanta intensidade, já que boa parte da produção atual está indo para fora do país para cumprir contratos que não foram cumpridos antes em decorrência da queda da produção”, disse Cotta Martins.
ROSSI NA AGRICULTURA
O paulista Wagner Rossi será empossado ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, em substituição a Reinhold Stephanes, que ficou à frente da pasta durante três anos e retorna à Câmara dos Deputados para cumprir o mandato de deputado federal. Graduado em direito e administração de empresas, com especialização em economia e educação, Rossi, de 67 anos, presidia, desde 2007, a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), empresa vinculada ao Ministério da Agricultura.