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Mercado de biodiesel deve sofrer mudanças

O mercado de compra e venda de biodiesel deve passar por processo de desregulação dentro de dois anos, afirmou o diretor-presidente da Brasil Ecodiesel, Mario Cerchiari, em reunião na sede da Associação dos Analistas e Profissionais de Investimento do Mercado de Capitais do Rio de Janeiro (Apimec-Rio).

O executivo disse não esperar o fim da interferência do Estado no setor, mas acredita que a tendência é que o modelo atual de leilões da Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) mude.

De acordo com Cerchiari, não é simplesmente uma aposta da empresa. “O ministério de Minas e Energia, de Desenvolvimento Agrário e a Casa Civil, os três órgãos que coordenam o programa nacional de biodiesel, afirmam que vão fazer ajustes e o sistema de leilões é um provável item a ser mudado.” CLIENTES. Com a liberalização, Cerchiari espera que a companhia possa diversificar sua carteira de clientes, que hoje é composta apenas pela Petrobras. “Vamos ter a oportunidade de vender direto para os distribuidores de petróleo, e não necessariamente só para a Petrobras.” De acordo com o executivo, o cenário é de demanda crescente, com percentual cada vez maior de biodiesel sendo misturado ao diesel comum.

A quantidade atual de biodiesel no combustível é de 5%, percentual que o governo só esperava alcançar em 2013.

“Temos a convicção de que a mistura pode alcançar até 20%”, disse Cerchiari. Para o executivo, trata-se de uma tendência irreversível a utilização de quantidades cada vez maiores do produto, atrelado ao consumo crescente de diesel no País.

A Brasil Ecodiesel está, segundo Cerchiari, em busca de fusões e aquisições. Para o executivo, a consolidação é uma tendência do setor. “Já existe uma concentração forte, que deve aumentar com o tempo, pois é uma indústria que necessita de escala e competitividade.” SELO. Cerchiari apontou que com o fim da regulação existe também a possibilidade do fim do Selo Combustível Social, emitido pelo Ministério do Meio Ambiente (MDA). O selo é obrigatório para participação nos leilões da ANP que comercializam 80% de todo o volume leiloado trimestralmente.

O fim do selo, caso se torne realidade, não deve mudar o modelo de produção da Brasil Biodiesel. Desde o ano passado, com a reestruturação da empresa, a produção da matéria prima que obrigatoriamente vem de agricultura familiar se estrutura por meio de cooperativas.

Segundo Cerchiari, as cooperativas são competitivas no mercado externo, que se abriria com as mudanças esperadas. “O que não se pode ter é o modelo proibitivo de 50%, que até o governo mudou por considerar ruim.” O foco da companhia deverá ser, pelo menos nos próximos cinco anos, o mercado interno, mas Cerchiari acredita na possibilidade de expansão no exterior.

A Brasil Ecodiesel encontrase em disputa judicial no Superior Tribunal de Justiça para reaver o selo para as duas usinas da empresa, Itaqui (MA) e Iraquara (BA). A companhia perdeu o selo por não ter conseguido atender às exigências antigas do MDA, de que 50% da produção deveria vir de agricultura familiar. As regras atuais obrigam o uso de 30% de matéria prima vindo de fazendas com modelo de agricultura familiar. A decisão na justiça sobre o mandado de segurança impetrado pela companhia, pedindo o fim do processo de retirada do selo, deve ser feita nos próximos dez dias