Antes vistos como sobras inconvenientes das lavouras e causadores de problemas ambientais, os resíduos de culturas como a cana-de-açúcar e arroz têm ganhado importância e mercado. À medida que mais empresas investem na mudança de matriz energética, deixando de lado a queima de combustível fóssil para aquecer caldeiras, a procura por biomassa como o bagaço da cana e as cascas de arroz e de amendoim tem crescido.
No setor sucroalcooleiro, o aproveitamento do bagaço de cana é feito há pelo menos duas décadas. Até os anos 1990, o resíduo da moagem da cana era um problema. Até que as usinas passaram a substituir as caldeiras que usavam diesel como combustível por caldeiras movidas a biomassa. Hoje, o bagaço da cana é o principal insumo para garantir a autossuficiência energética da usinas, que vendem, inclusive, o excedente de energia produzido, por meio da cogeração.
Mas o uso bagaço de cana não fica restrito às usinas sucroalcooleiras. Ele também é consumido por indústrias como a de suco de laranja. “Boa parte do bagaço que não queimamos na nossa unidade de Pradópolis é vendida para a Citrosuco, de Matão, e para a Cutrale, de Araraquara (SP)”, diz o diretor financeiro da Usina São Martinho, João Carvalho do Val. A empresa vende o bagaço há cerca de dez anos e comercializa, em média, 450 mil toneladas da biomassa por safra.
Na Região Sul, outro resíduo que tem dado lucro é a casca de arroz. Segundo estimativas do Instituto Rio-Grandense do Arroz (Irga), são quase 2 milhões de toneladas da biomassa produzidas por safra.