Mercado

Alta do preço do álcool em 12 meses é de 39%

A menor oferta de álcool no mercado causou uma verdadeira explosão de preços do produto no atacado e no varejo. Levantamento da Fundação Getúlio Vargas (FGV), feito a pedido da Agência Estado, mostra que a inflação média do preço do álcool no atacado atingiu em fevereiro o mais elevado nível em sete anos.

No setor atacadista a alta foi de 14,76% em fevereiro, a mais intensa desde novembro de 2002, quando os dois tipos subiram, em média, 19,79%. Com isso, a variação média em 12 meses até fevereiro foi de 39,2%, tanto para o anidro quanto para o hidratado. A expressiva alta destoa da média geral de preços atacadistas, que ainda mostra deflação de 1,83% no acumulado em 12 meses até fevereiro, conforme o acompanhamento do Índice de Preços por Atacado – Mercado (IPA-M).

Porém, ao produtor, o preço já registra queda de 17,35% desde 22 de janeiro, quando registrou a máxima de R$ 1,2055 por litro para o hidratado. No final de fevereiro, os preços pagos na usina pelos distribuidores já haviam caído abaixo do patamar de R$ 1,00, ficando em R$ 0,9963 por litro. A queda dos preços pagos ao produtor não está, contudo, sendo repassada para o preço final na bomba dos postos, o que continua afastando os donos dos carros flex do etanol.

“Enquanto o preço recebido pelo produtor caiu cerca de R$ 0,24 por litro em São Paulo ao longo de cinco semanas, o que se viu na bomba foi um recuo de apenas R$ 0,02 por litro”, comparou o diretor técnico da União da Indústria de Cana-de-açúcar (Unica), Antonio de Padua Rodrigues. Atualmente, o etanol permanece competitivo apenas nos estados de Mato Grosso e de Goiás.

Novas quedas nos preços do etanol ao produtor são esperadas para os próximos dias. E mesmo nos postos em Estados como São Paulo e Paraná, a queda repassada ficou, em média, respectivamente, 2,11% e 2,68%, na semana passada, de acordo com dados da Agência Nacional de Petróleo Gás Natural e Biocombustíveis (ANP).

Entre dezembro e março, o setor sucroalcooleiro entra em período de entressafra com as usinas deixando de colher cana-de-açúcar. “É a época utilizada para manutenção de canaviais e das máquinas utilizadas nas usinas. Tradicionalmente, o setor armazena etanol durante a safra para comercializar neste período”, completa.

Porém, a crise financeira que reduziu drasticamente a liquidez das empresas no início da safra de 2009 levou as usinas a desovarem etanol no mercado para conseguirem manter seu fluxo de caixa.