Mercado

Na prática, sem vantagem

Se a preferência pelo álcool se dá por razões econômicas, o consumidor deve reavaliar sua opção. Pelo menos esta é a sugestão vinda do mercado varejista. O preço do álcool, em Mato Grosso, acumula alta de 16,87% neste primeiro bimestre do ano. Segundo levantamento de preços da Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), o valor médio apurado passou de R$ 1,60 – na primeira semana de janeiro – para R$ 1,87, na semana encerrada no dia 27 de fevereiro.

Isso significa dizer que na medida em que o álcool dispara e o preço da gasolina se mantém estável, o abismo entre a preferência por um ou outro combustível, praticamente, desaparece.

Mato Gr! osso preserva, matematicamente, a competitividade sobre a gasolina, a única ainda em pé no país. No entanto, na prática, o mercado revendedor já considera os preços de bomba “em linha” – já que o álcool tem rendimento inferior ao observado nos motores à gasolina.

Considerando os preços em vigor divulgados pela Agência de R$ 1,87 para o álcool e de R$ 2,80 à gasolina – o primeiro dividido pelo segundo – revela que o valor de bomba do derivado de cana corresponde a 66% da cotação da gasolina no varejo. Para haver predominância na preferência pelo álcool, a chamada vantagem ou competitividade, essa equação deve ter limite de 70%. Ainda em 2009, o valor do álcool representava pouco mais de 40% do da gasolina.

Essa nova realidade originada nos últimos 60 dias proporciona ao consumidor poder de escolha, o que segundo o 1°-secretário do Sindicato do Comércio Varejista dos Derivados do Petróleo de Mato Grosso (Sindipetróleo), Bruno Borges, não havia até então. “Agora é o co! nsumidor quem decide. Quando um está muito caro ou barato, não há escolha, pois o mercado dita as regras”, aponta. Borges não afirma que a vantagem do álcool chegou ao fim, mas frisa que os preços na bomba {do álcool e da gasolina} estão em linha e que a margem que garantia economia ao consumidor está apertada, quase desaparecendo.

ALTAS – Questionado se a demanda pelo derivado de petróleo se intensificou nos primeiros dois meses do ano, Borges explica que não foi possível ainda mensurar isso. Ele explica que isso já estaria latente se o segmento revendedor não estivesse ‘segurando os preços do álcool um pouco’. “Já deveria estar em R$ 2 o litro. Quando isso ocorrer, aí, sim, será possível destacar o consumo da gasolina”.

O período marcado pela entressafra da cana-de-açúcar fez os preços dispararem e novas altas, até o início da moagem das usinas, são aguardadas, conforme o sindicato dos revendedores. Por enquanto, tetos acima de R$ 2 não são confirmados. (A página C2 trata da cana)

O hidratado foi o combustível que registrou a maior alta nos últimos sete meses. No período de julho do ano passado a fevereiro deste ano, os preços saltaram mais de 81%, avançando de R$ 1,03 para atuais R$ R$ 1,89, nos principais postos de Cuiabá e Várzea Grande.

RANKING – O preço médio do álcool comercializado no Estado não é o mais barato do Brasil. Segundo recente levantamento da ANP, do início do ano até o final de fevereiro o litro passou do topo do ranking nacional para o quarto lugar. Com os novos valores, São Paulo retoma a dianteira com preço médio de R$ 1,80, seguido de Goiás (R$ 1,83), do Paraná (R$ 1,85) e de Mato Grosso (R$ 1,87).