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Cosan planeja ampliar capacidade de moagem de cana em suas usinas

Ainda muito à frente do segundo colocado em capacidade de moagem de cana, a Cosan Açúcar e Álcool entra a safra 2010/11 com o radar ligado para o que ocorre à sua volta. E isso significa que, salvo oportunidades que tragam muita sinergia, grandes aquisições de usinas não estão à vista em 2010. Mesmo porque o bom momento do açúcar, que deve perdurar até 2011, e também do álcool, vem levando para cima os preços dos ativos e criando poucas oportunidades reais. “Uma nova expansão forte em açúcar e álcool poderá ocorrer apenas no próximo ciclo de baixa”, afirma Pedro Mizutani, presidente da Cosan Açúcar e Álcool.

O ano, portanto, é de consolidação dos ativos existentes e continuid! ade dos investimentos já iniciados. Um projeto que já está no planejamento para começar no ano-safra 2010/11, que se inicia em abril, é expandir a capacidade das usinas já existentes. As atuais 63 milhões de toneladas (225 dias de moagem) de capacidade têm potencial para chegar a 70 milhões somente com ampliações, segundo Mizutani. O projeto será desenvolvido nos próximos cinco anos, período em que a empresa deve investir R$ 100 por tonelada de capacidade acrescida, totalizando cerca de R$ 700 milhões.

Esse capital é bem menor do que investir em construções a partir do zero, que segundo fontes do mercado, está próximo de US$ 140 por tonelada. Tornou-se mais atraente também que comprar usinas. Os bons preços do açúcar e os fundamentos mais fortes para etanol contribuíram para que os preços das últimas aquisições do mercado fossem elevados para US$ 100 por tonelada, sendo que alguns negócios, com cogeração, atingiram US$ 140. “Houve um momento em que comprar usinas estava mais atrativo, com negócios saindo a US$ 70 e US$ 80 por tonelada. Isso sim foi oportunidade. Nesta fase, não compensa comprar, a não ser que um ativo tenha muita sinergia”, avisa.

Como já publicou o Valor, a usina Mandu, de Guaíra (SP), está no radar da companhia. Segundo fontes de mercado, a empresa deve entregar até 15 de março uma proposta mais detalhada à usina, controlada por Roberto Diniz Junqueira. A Açúcar Guarani, a Bunge e a Companhia Agrícola e Pecuária Lincoln Junqueira, que controla o grupo de usinas Alto Alegre, também apresentaram propostas à Mandu, de acordo com as mesmas fontes. A Bunge não confirma a informação. Questionado sobre o assunto, Mizutani diz que a empresa não comenta rumores.

O fato é que para açúcar e álcool os movimentos da Cosan não devem ser agressivos. Retirando-se a compra dos ativos da Esso, em torno de 90% dos investimentos da Cosan S.A. foram direcionados para expansão em açúcar e álcool, o que não deve se repetir em 2010. “A ! área de logística apresenta forte potencial de lucratividade no curto prazo e deve receber mais aportes”, diz Mizutani.

Assim, a grosso modo, continuam os investimentos atuais, como o de aumento da flexibilidade das usinas. O objetivo é otimizar a produção de açúcar e álcool de acordo com os melhores preços de mercado. Esse projeto começará a render frutos na safra 2010/11, possibilitando à Cosan produzir de 8% a 10% mais açúcar que no ciclo anterior. Na temporada 2010/11, a Cosan prevê produzir 4,6 milhões de toneladas de açúcar, ante as 3,72 milhões do ciclo 2009/10. “Nossa flexibilidade que era de 40%-60%, agora está em 45%-55%”, explica. A produção de álcool deve atingir 2,1 bilhões de litros, ante os 1,93 bilhão da safra 2009/10.

Segue também em 2010 o projeto de cogeração de energia que iniciou em 2005 com previsão de investimentos de R$ 2,4 bilhões e objetivo de atingir 12 das 23 usinas do grupo e uma produção de 2,5 mil megawatts-hora, suficiente para abastecer! por um ano uma cidade com 10 milhões de habitantes. Até o fim do terceiro trimestre da safra 2009/10, tinham sido aplicados R$ 264,4 milhões nesse projeto. Sete usinas da companhia já estão com unidades de cogeração e outras três iniciam a operação em 2010/11.