Mercado

Consumo amadurecido

As manobras especulativas registradas em variados segmentos do mercado consumidor estão tendo respostas amadurecidas, dentre elas, a recusa na aceitação do aumento injustificável dos preços. O álcool carburante reeditou, entre 2008 e 2009, mais um ciclo de afirmação só comparado à fase áurea do Programa Nacional do Álcool (Proálcool). No ano passado, alcançou níveis de consumo da ordem de 22,8 bilhões de litros contra 19,1 bilhões de gasolina.

Entretanto, o avanço no estabelecimento desse combustível alternativo, de tecnologia e produção brasileiras, desabou a partir de janeiro, em face do aumento exagerado de 25% no litro de álcool, exatamente quando a preferência pelo combustível mais se expandia. Repetiu-se, mais uma vez, o fenômeno responsável pelo descrédito do Proálcool, na década de 80, desestimulando o abastecimento veicular pela majoração oportunista do produto.

Em termos de matriz ene! rgética para alimentar a frota nacional, as máquinas e motores abastecidos com derivados de petróleo, o País desfruta, atualmente, de condições singulares. As reservas de óleo de origem fossilífera da camada do pré-sal, descobertas na ampla faixa atlântica entre o Paraná e o Espírito Santo, sem dúvida, colocarão o Brasil no fechado grupo dos dez maiores produtores de petróleo.

Isso, por enquanto, é apenas uma estimativa resultante das sondagens e perfurações realizadas no mar territorial brasileiro. Imagine-se a dimensão dessa riqueza se ela tiver espalhada pelo litoral brasileiro, informação evidentemente preservada como manda a conveniência de sua divulgação, até por razões estratégicas. De todo modo, o pré-sal foi a descoberta de maior impacto já registrada nesse mercado cheio de nuances e de cobiça.

A segunda matriz supridora de veículos automotores, já amadurecida, é o atenol, sujeita, contudo, às safras agrícolas, às flutuações da demanda e ao jogo competitivo com os preços do açúcar derivado da mesma fonte. Além das vicissitudes de sua comercialização, está surgindo nova modalidade de fraude na cadeia distribuidora do álcool, adulterado com metanol, agente cancerígeno, de alto risco, mas misturado aos tanques de armazenamento para elevar o lucro.

A terceira opção energética encontra-se em vias de amadurecimento de produção e consumo: os biocombustíveis. Essa alternativa, se bem administrada pelo País, irá colocá-lo em outro patamar de liderança mundial de energia difusa. Assim, serão criados recursos em abundância para acelerar o desenvolvimento nacional e contribuir para abastecer os mercados mais carentes de derivados do petróleo, de atenol e de biocombustíveis.

No plano interno, o consumo do álcool teve aumento de 16,5% em 2009. Esse feito, entretanto, começa a se desmanchar com a retração, em 25%, a ser acrescida, entre fevereiro e abril, com a decisão do governo de reduzir a adição do álcool à gasolina de 25% para 20%! . A cadeia sucroalcooleira já colheu diversos reveses com o jogo da majoração de preços. O consumidor a cada dia se torna mais consciente do seu papel.