Fundado em Ribeirão Preto (SP), um dos principais polos sucroalcooleiros do país, o grupo de saúde São Francisco cresce a passos largos graças à expansão das usinas de açúcar e álcool. Além disso, também investe em aquisições: acaba de adquirir uma carteira regional com 12 mil vidas da Amil.
Nos últimos três anos, o número de usinas atendidas pela empresa – que possui desde planos de saúde e odontológico, hospitais, clínicas até resgate e laboratório – saltou de 3 para 30. O resultado foi um aumento expressivo no faturamento, que em 2007 somava R$ 120 milhões e neste ano deve ultrapassar a casa dos R$ 350 milhões.
“Com o crescimento do setor sucroalcooleiro montamos um modelo de atendimento específico para as usinas. Hoje, elas representam 30% da receita e 40% d! o número de beneficiários do nosso plano de saúde”, disse Lício Cintra, superintendente da operadora São Francisco Saúde.
Criado há apenas 12 anos, o plano de saúde é o que gera a maior receita para o grupo, sendo responsável por R$ 200 milhões do total. O hospital, fundado pelas famílias Pessoa e Musa na década de 50 e origem de todo o negócio, tem um faturamento de R$ 120 milhões. O restante da receita é proveniente dos serviços de resgate, do plano odontológico e do laboratório.
Atualmente, a carteira de clientes do plano de saúde é composta por 30 grandes usinas como as paulistas Santelisa Vale, Cosan Bonfim, São Martinho e a mato-grossense AdecoAgro, entre outras. Para atrair essas gigantes, a operadora construiu 27 centros médicos no interior de São Paulo, Mato Grosso do Sul e Sul de Minas – regiões que abrigam as usinas. “Muitas vezes, as usinas são erguidas em cidades bem pequenas, que não interessam às demais operadoras porque elas precisam ter uma estrutura pr! ópria para atender os trabalhadores das usinas”, explicou Cintra.
“A estratégia montada pela empresa é bem interessante. A maior parte dos atendimentos dos planos de saúde é de baixa e média complexidades, podem ser feitos em centros médicos. Como eles têm atendimento próprio, dá para controlar bem os custos”, disse Fernando Barreto, sócio da Primeira Consulta, consultoria especializada em saúde. “Além disso, a operadora acaba agradando muitos aqueles beneficiários que moram em regiões afastadas e normalmente não têm médico na região”, complementou Barreto.
Para segurar os custos, o grupo conta ainda com laboratório e resgate de ambulâncias para transferir os pacientes com problemas de alta complexidade. As transferências de clientes de Minas Gerais e Mato Grosso do Sul são feitas para hospitais credenciados, uma vez que nessas regiões a operadora não tem hospital próprio. Já os beneficiários paulistas são alocados para o Hospital São Francisco, em Ribeirão Preto.
O foco da São Francisco é crescer no interior dos Estados, em especial nas cidades com usinas. Para isso a empresa também está voltando suas atenções para aquisições. A São Francisco Saúde acaba de fechar a compra de uma carteira com 12 mil vidas da Amil em Ribeirão Preto e região. Essa carteira, cujo valor não foi divulgado, pertencia à Amico, que foi comprada pela Amil em 2003.
Em dezembro, a São Francisco adquiriu o plano concorrente Medes, do interior de São Paulo. Nos últimos três anos, foram três aquisições, que somaram 25 mil beneficiários à carteira da São Francisco. “A São Francisco é um maiores dos players do interior de São Paulo porque está crescendo também por meio de aquisições”, disse o consultor de saúde Valter Hime.
Seu grande concorrente sem dúvida são as Unimeds. Mas, segundo Cintra, as cooperativas médicas também não se interessam por cidades muito pequenas. A Unimed Ribeirão Preto, por exemplo, conta com cerca de 100 mil beneficiários. Já a! São Francisco Saúde tem apenas na região de Ribeirão Preto aproximadamente 80 mil vidas, o que representa 50% da carteira total da operadora, que tem clientes também no Sul de Minas e Mato Grosso do Sul.
A família Pessoa é dona também da Fundação Waldemar Barnsley Pessoa, sem fins lucrativos, a que pertence a operadora de plano de saúde São Francisco Clínicas, com 130 mil vidas e voltada principalmente para as classes A e B.