Mercado

País espera que aliança Shell-Cosan estimule exportações

A indústria de etanol do país, que investiu fortemente para estimular a produção do biocombustível à base de cana-de-açúcar, está contando com a aliança entre a Cosan e a Royal Dutch Shell para promover seu desenvolvimento, depois de uma queda maior que o esperado nas exportações.

A joint venture de 21 bilhões de dólares anuais anunciada na segunda-feira por ambas as empresas permitirá que a Cosan, maior empresa do setor sucroalcooleiro do país, desenvolva o biocombustível de forma mais eficiente graças ao sistema de distribuição global e do sistema varejista da Shell.

A Cosan vê a aliança como uma forma de converter o álcool brasileiro em uma matéria-prima mundial.

Mas se isso acontecerá ou não dependerá em grande parte de fatores externos: se o petróleo é ou não caro o suficientemente para tornar o álcool competitivo; se as usinas do país podem fornecer o produto com um fluxo constante; e se os principais mercados, como Estados Unidos, estarão mais abertos às importações de álcool.

“A Shell escolheu o álcool como combustível renovável para investir e escolheu o Brasil. Se isso significará ou não mais exportações dependerá de uma série de circunstâncias que estão além do controle da companhia”, disse o especialista em biocombustível, Eduardo Pereira de Carvalho.

EXPORTAÇÕES

A lenta taxa de crescimento das exportações de álcool decepcionou o país, onde mais de 450 usinas de cana-de-açúcar se uniram à onda de expansão do setor nos últimos anos.

Alguns analistas dizem que qualquer crescimento nas exportações de álcool dependerá mais dos preços do petróleo do que outros fatores.

“O acordo em si não aumenta nem reduz a viabilidade econômica de misturar o álcool anidro na gasolina. Isso será determinado pelo mercado do petróleo”, disse o analista Julio Maria Borges, diretor da Job Economia.

Em 2008, quando os preços do petróleo atingiram máximas históricas a 147 dólares por barril, o país exportou 5,1 bilhões de litros de álcool, um aumento expressivo em relação aos 3,1 bilhões de litros no ano anterior.

Os países simplesmente compraram mais do combustível para substituir a gasolina.

Os elevados preços do petróleo e as preocupações com o meio ambiente alimentaram as discussões sobre uma adoção mais ampla dos biocombustíveis como uma alternativa aos combustíveis fósseis.

Mas os preços do petróleo caíram com força na medida em que se intensificou a crise econômica e foi registrada uma queda semelhante no interesse internacional pelo combustível de cana-de-açúcar.

Em 2009, as exportações de álcool do país caíram para 3,3 bilhões de litros, apesar dos preços extremamente baixos no mercado brasileiro.