Causou rebuliço no mundo dos negócios o anúncio de constituição de uma joint-venture entre a segunda maior empresa petrolífera do mundo e a maior produtora de etanol do Brasil, numa parceria que tem como objetivo colocar em grande escala o álcool brasileiro no mercado norte-americano.

Tem razão de ser a agitação, pois essa aliança empresarial aponta para a retomada, em escala ambiciosa, da força do etanol brasileiro nos grandes mercados consumidores de combustíveis no mundo.

Segundo o conceituado diário britânico The Guardian, essa iniciativa “pode ajudar a derrubar as barreiras americanas à importação do etanol brasileiro”.

Afirma a reportagem que, graças a essa joint-venture, a empresa anglo-holandesa deve ascender ao posto de “maior empresa petroleira no ramo de biocombustíveis”, enquanto o grupo brasileiro, que hoje produz anualmente dois bilhões de litros de etanol, deverá dobrar sua produção.

Conforme esperado, o lobby petrolífero reagiu através de seus porta-vozes “ambientalistas”, levantando questionamentos sobre o etanol brasileiro (onde são elencados problemas reais e imaginários no campo da ecologia e das relações sociais), como se a produção petrolífera fosse um mar de rosas ambiental e humanitarista.

Em tal cenário, cabe aos brasileiros jogarem pesado no sentido da conquista de novos espaços para o etanol; e, ao mesmo tempo, cabe a cobrança, no mesmo sentido de que os problemas reais sejam enfrentados e resolvidos enquanto as aleivosias sejam respondidas com força redobrada.

Apesar das perspectivas favoráveis aos biocombustíveis e das evidentes vantagens do etanol, é sobre os derivados de petróleo que se assentam boa parte das estruturas econômicas e industriais do mundo contemporâneo. Não será nada fácil mudar esse perfil, mas… o que nos custa tentar?