Mercado

Tempo bom para a cana

A safra de cana-de-açúcar será maior em 2010 no Paraná. Com a escassez do produto e os preços em alta, o mercado torna-se atrativo para o produtor. A previsão é que o valor do açúcar e do álcool continuem subindo até abril quando inicia o período de safra. Em 2009, a oferta potencial do ciclo no Estado estava estimada em 50 milhões de toneladas, mas a previsão é que a moagem fique abaixo disso – entre 45 milhões a 46 milhões – devido ao excesso de chuvas que prejudicaram a cultura e a colheita. No ano passado, a área plantada foi de 644.914 hectares.

Para 2010, a previsão do Departamento de Econômia Rural (Deral) da Secretaria Estadual de Agricultura e Abastecimento (Seab) é uma oferta potencial da safra de cana de 56 milhões de toneladas e moagem de 51 milhões a 52 milhões de toneladas. A área plantada deve ser de 641.659 hectares.

De acordo com os pesquisadores do Centro de Est! udos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), da Escola Superior de Agronomia Luiz de Queiroz (Esalq/USP), as altas de preços do etanol no final da safra e neste período de entressafra foram provocadas pelo excesso de chuvas no segundo semestre de 2009. A estimativa é que 10% (50 milhões a 60 milhões de toneladas) de cana deixaram de ser colhidas no Brasil por questões climáticas desfavoráveis. Outro motivo do aumento de preço é a menor disponibilidade do produto na entressafra, provocada pelo elevado consumo durante a safra. O crescimento da frota de carros flex também explica esse cenário no País.

Já o aumento do preço do açúcar vem do deficit mundial do produto devido à baixa oferta no Brasil, que teve problema na moagem da região Centro-Sul e agora enfrenta atrasos na produção do Nordeste. Além disso, na Índia, segundo maior produtor mundial, houve perdas nas duas últimas safras. Além da menor oferta, pesa favoravelmente aos reajustes a perspectiva da retomada da econom! ia neste ano, que deve aquecer a demanda mundial, de acordo com pesquisadores do Cepea. O mercado internacional foi influenciado ainda por problemas climáticos em países produtores e por especuladores que estão aproveitando as atuais oportunidades de preços.

No Estado de São Paulo, só no período de 19 a 26 de janeiro, a saca de 50 kg de açúcar passou de R$ 71,51 para R$ 72,19 na usina. Nos últimos 30 dias terminados em 26 de janeiro, o preço do produto já tinha aumentado 11,91%. O álcool combustível também segue em alta. Na semana de 11 a 15 de janeiro o anidro custava R$ 1,28 o litro e de 18 a 22 de janeiro passou para R$ 1,31 o litro. No mesmo período, o álcoo hidratado passou de R$ 1,18 para R$ 1,20. Segundo informações do Cepea, São Paulo é referência de preços para o Centro-Sul, apesar de cada região ter comportamentos distintos entre oferta e demanda. No entanto, os preços não se distanciam muito na região e podem ser tomados como base para o Paraná.

Açúcar e Álcool

O coordenador do setor sucroalcooleiro da Seab, Disonei Zampieri, informou que hoje o valor do açúcar no mercado internacional está em US$ 308,13 a tonelada, valor 13,6% superior em relação a 2008. O álcool está em 51 cents de dólar ou 1,9% abaixo de 2008.

O reflexo chega ao consumidor final que pagava R$ 1,35 o quilo do açúcar cristal em janeiro de 2009 e, em dezembro, tinha que desembolsar R$ 1,90 pelo mesmo produto ou 41% a mais. O açúcar refinado saía por R$ 1,23 em janeiro de 2009 e no final do ano custava R$ 1,90, uma alta de 55%. Em Curitiba, o preço médio do litro do álcool nas bombas dos postos passou de R$ 1,70 para R$ 1,90 entre o final de 2009 e a semana de 17 a 23 de janeiro, segundo pesquisa da Agência Nacional de Petróleo (ANP). Em Londrina, o valor subiu de R$ 1,69 para R$ 1,89 no mesmo período.

Nas usinas, o álcool anidro e hidratado subiram 37% em 2009. O preço do açúcar pago ao produtor subiu 56% no ano passado no Estado. Hoje, o Paraná é o segundo produtor de açúcar e só perde para São Paulo. No álcool ocupa a quarta colocação, atrás de São Paulo, Goiás e Minas Gerais. A previsão do Deral é que o Paraná produza 2,9 milhões de toneladas de açúcar e 2 bilhões de litros ainda referentes a safra de 2009 que será encerrada após toda a moagem de cana.