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Setor sucroalcooleiro puxa cortes na indústria paulista em dezembro

O setor sucroalcooleiro foi o grande vilão da queda de 3%, sem ajuste sazonal, registrada no nível de emprego da indústria paulista em dezembro, na comparação com o mês anterior.

Os produtores de álcool e açúcar responderam por 46.861 das 67.000 vagas eliminadas pela indústria no mês passado, de acordo com balanço divulgado hoje pela Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp).

Na análise do diretor de pesquisas econômicas da entidade, Paulo Francini, o resultado reflete um ajuste natural ocasionado pelo fim do período de safra no setor.

“O campo voltará a ter trabalhadores em março. Da mesma forma que enche (os postos de trabalho) no início do ano, esvazia-se no final do ano”, comentou a jornalistas.

Apesar do tombo de dezembro, a indústria sucroalcooleira de São Paulo criou 2.434 postos de trabalho no acumulado do ano passado, ajudando a suavizar o resultado da indústria do estado como um todo, que fechou 98.000 vagas no período.

Após essa baixa, a Fiesp acredita que o emprego na indústria paulista mostrará uma recuperação neste ano. Ainda assim, não conseguirá neutralizar em 2010 os cortes de vagas registrados a partir da crise financeira, segundo Francini.

“Não conseguiremos retomar o nível de emprego visto antes da crise já em 2010”, afirmou o economista, lembrando que a criação de vagas de trabalho sempre apresenta uma defasagem em relação ao ritmo da atividade econômica.

De acordo com as projeções apresentadas pela Fiesp no mês passado, o nível de emprego industrial em São Paulo terá uma expansão de 6,2% neste ano, como resultado de um crescimento da mesma magnitude aguardado pela entidade para a economia brasileira em 2010.

Não obstante, Francini ! disse hoje que o avanço será insuficiente para compensar a queda superior a 7% nos postos de trabalho ocasionada pela crise.

O economista disse que fatores como o crescimento da renda e do crédito sinalizam para um aquecimento da atividade econômica neste ano. Da mesma forma, ele apontou que a realização de eleições poderá levar os governantes a buscar uma aceleração dos investimentos públicos.

Por outro lado, Francini avaliou que o dólar fraco – que retira a competitividade da indústria nacional – representa a “nuvem no horizonte”. Ele ainda afirmou que a decisão da Venezuela de desvalorizar sua moeda também poderá trazer impactos negativos nos negócios com o país de Hugo Chávez.