Mercado

Consumidor troca álcool por gasolina em Goiânia, GO

Em Goiânia, para quem tem carro com motor flex (bicombustível) já não é mais vantagem abastecer com álcool (etanol). Desde anteontem, a correlação entre os preços do etanol e da gasolina superou 70%, chegando a 73%. Em muitos postos, o preço do combustível derivado da cana registrou o segundo aumento do ano na terça-feira, passando agora para R$ 1,97, e a gasolina chegou a R$ 2,67, também com um pequeno reajuste, de R$ 0,02 por litro.

Com o novo preço do álcool, que este ano acumula 19,4% de aumento, os consumidores não tiveram dúvidas e estão optando pela gasolina, mesmo conscientes de que o combustível derivado do petróleo é mais poluente.

O representante comercial Sérgio Salomão disse que sempre abastecia o tanque do seu carro com etanol. Mas devido ao aumento do preço, desde ontem, passou para a gasolina. Ele destaca que a troca vai representar um aumento de R$ 800,00 no seu orçamento, mensal. “Acho que essa alta é muito especulativa”, diz.

O empresário Charles Pierre Almeida Ferreira saiu de casa ontem à tarde disposto a encher o tanque do seu carro com álcool. No entanto, ao chegar no posto e observar que o combustível já esta mais caro, a R$ 1,97, não teve dúvidas: optou pela gasolina. “Acompanho o mercado de perto e sempre faço os cálculos. Com essa alta de agora, a segunda do ano, o álcool perdeu a competitividade em Goiás”, lamenta. Ele disse que, para tentar economizar,está usando um GPS, para ter a indicação do caminho mais curto, e assim gastar menos combustível.

Também pensando em gastar menos, há quatro meses, o representante comercial Lindomar Ferreira investiu R$ 300,00 para fazer a conversão do motor do seu carro, um Gol, de gasolina para álcool. Mas ele afirma que, desde o dia 1º de janeiro, já está arrependido da sua decisão. Lindomar calcula que essa nova alta do preço do etanol vai representar um rombo de mais de 30% no seu orçamento mensal. Ele acredita que nada justifica esses reajustes, uma vez que a produção de álcool em Goiás foi recorde, crescendo mais de 30%, enquanto o consumo não atingiu patamar tão elevado.

O motorista Edgar Pacheco também está sem opção de escolha de combustível porque, há dois meses, fez a conversão do motor do carro, uma camionete, de gasolina para álcool. Ele disse que, se persistirem esses aumentos do combustível derivado da cana, voltará a fazer uma nova troca do chip do motor para que ele venha rodar com gasolina.

A administradora de empresas Celizabel Gomes também foi surpreendida ontem com o reajuste do preço da gasolina. “São apenas dois centavos por litro, mas no fim do mês isso pesa no orçamento, e não temos como fugir dessas altas”, lamenta.

O presidente do Sindicato do Comércio Varejista de Derivados do Petróleo (Sindiposto), Luiz Pucci, reafirmou que os postos estão, simplesmente, repassando os preços para os consumidores. “Estamos comprando os combustíveis mais caros. Não temos como segurar essas altas e somos obrigados a repassá-las aos consumidores finais”, diz.

Em entrevista ontem ao Bom Dia Goiás, da TV Anhanguera, o superintendente do Sindicato das Indústrias de Fabricação de Álcool (Sifaeg), José Mauro de Oliveira Ferreira, disse que está prevalecendo no mercado a lei da oferta e da procura. (Sônia Ferreira)

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