Mercado

Donos de postos culpam impostos pela alta do álcool

O preço do álcool combustível cairá se houver redução da carga de impostos. A avaliação é de proprietários de estabelecimentos do setor de Ribeirão Preto. “Hoje o Imposto Sobre a Circulação de Mercadorias e Serviços – ICMS – é de 25% e praticamente mantém os preços elevados no varejo”, diz Walter Amandio Basso, ex-sindicalista e sócio de postos localizados no município.

A proposta de redução do ICMS de 25% para 12% está em estudos pelo governo estadual. A diminuição chegou a ser debatida, no ano passado, entre o governador Geraldo Alckmin e produtores de álcool como alternativa para evitar a “ciranda” do combustível, transportado e “oficializado” em outros estados – onde o imposto é menor – e depois retornava para os postos do interior paulista.

Atualmente, o preço do litro do álcool hidratado custa entre R$ 1,49 e R$ 1,69 nos postos da cidade que atuam com distribuidoras tradicionais, como Ipiranga, Shell, Agip, BR e Texaco. “Quem vende abaixo, é porque utiliza álcool de qualidade duvidosa”, observa o sócio de posto localizado na área central, que pediu omissão do nome.

Basso mostra a última nota fiscal de compra de cinco mil litros de álcool, com data do último dia 10, em que o valor unitário do litro é de R$ 1,499. “O valor inclui o ICMS da distribuidora e da revenda, além do custo do transporte entre usina e armazenagem e dela para o posto”, explica. Sobre esse valor ele embute R$ 1 de margem, o que representa os médios 7% de lucro empregados pelos empresários do setor. E, assim, o consumidor final paga R$ 1,599.

Segundo Basso, o governo federal, que na última quinta-feira reuniu em Brasília os produtores de álcool, “deveria também ter chamado representantes das distribuidoras, do sindicato dos postos e dos governos estaduais, que é quem aplicam o ICMS”. Se toda essa “cadeia” estivesse representada, o encontro, diz, “deveria ser mais conclusivo”.

Na reunião de quinta-feira passada, o ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Roberto Rodrigues, conseguiu dos produtores o compromisso de que o preço do álcool ficaria em 60% do valor da gasolina.

Não é o que ocorre em Ribeirão Preto, onde o preço médio do litro do derivado do petróleo oscila entre R$ 2,20 a R$ 2,30. Para ficar no teto de 60%, o preço do litro do álcool teria no máximo de ser vendido por R$ 1,32 – e não pelos médios R$ 1,49 dos estabelecimentos de bandeiras tradicionais.

Por conta desse quadro, sem uma aparente solução rápida, o resultado é a queda no consumo. Basso estima em um decréscimo de 20% na venda de álcool. “Quem tem carro a álcool reduziu a compra, bem como quem batizava com gasolina também deixou de fazer a mistura”, observa.

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