
Em sua Nota Técnica intitulada “Uma introdução ao setor de biocombustíveis na América Latina e no Caribe”, a Organização Latino-Americana de Energia (OLADE) apresenta uma análise detalhada do papel estratégico que os biocombustíveis de baixo carbono desempenham na descarbonização do transporte e sua contribuição para a transição energética da região.
Em um contexto onde a urgência climática exige soluções sustentáveis, os biocombustíveis surgem como uma alternativa viável para reduzir as emissões de gases de efeito estufa (GEE), principalmente em setores de difícil eletrificação, como transporte pesado, aviação e transporte marítimo.
Segundo o relatório, em 2023, a América Latina e o Caribe contribuíram com 27% da produção global de biocombustíveis líquidos, com o Brasil consolidando sua posição como principal player, contribuindo com 93% da produção regional.
Essa liderança se deve a uma combinação de vantagens competitivas, como disponibilidade de recursos naturais, robusta capacidade agroindustrial e histórico consolidado na produção sustentável de bioetanol e biodiesel.
A importância desses combustíveis na região se reflete em seu crescimento sustentado na última década: entre 2013 e 2023, a produção de biodiesel cresceu 163%, enquanto a produção de bioetanol aumentou 36%.
Biocombustíveis como o SAF: alto potencial
Biocombustíveis avançados, como o Combustível de Aviação Sustentável (SAF) e o Óleo Vegetal Hidrotratado (HVO), representam alternativas de alto potencial para redução de emissões na aviação e no transporte marítimo, setores onde a transição para tecnologias livres de carbono enfrenta barreiras tecnológicas e econômicas.
Na região, é essencial desenvolver marcos regulatórios de sustentabilidade mais robustos, melhorar a infraestrutura logística e fortalecer os sistemas de rastreabilidade em toda a cadeia produtiva para garantir a sustentabilidade do setor e atingir a neutralidade de carbono até 2050. Isso implicará um aumento de 360% na produção regional de biocombustíveis líquidos, atingindo 172.990 mil metros cúbicos.
Nesse contexto, a OLADE reafirma seu compromisso com o desenvolvimento de estratégias integrais que facilitem a descarbonização do transporte na América Latina e no Caribe, contribuindo para as metas climáticas globais e fortalecendo a segurança energética da região. A consolidação do setor de biocombustíveis será fundamental para avançar em direção a uma matriz energética mais limpa e resiliente.
Quem é a Organização Latino-Americana Olade
É um organismo público intergovernamental de cooperação, coordenação e serviços de assessoria técnica. Foi criado em 2 de novembro de 1973, por meio da assinatura da Convenção de Lima, ratificada por 27 países da América Latina e do Caribe.
Seu objetivo fundamental é promover a integração, conservação, uso racional, comercialização e proteção dos recursos energéticos da região.