O grupo São Martinho concluiu a safra 2009/10 com duas boas notícias: a primeira é que a usina São Martinho, de Pradópolis (SP), apesar de toda a chuva, bateu novamente seu próprio recorde e encerrou ontem, às 22h, a moagem de 8,108 milhões de toneladas de cana-de-açúcar, consolidando-se na posição de maior unidade processadora de cana do país e do mundo. A segunda foi a aprovação pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) de um financiamento de R$ 288,6 milhões, que será usado no projeto de ampliação da capacidade de moagem da usina Boa Vista (Quirinópolis-GO), de 2,25 milhões para 3,4 milhões de toneladas de cana na safra 2011/12.
Fábio Venturelli, CEO do grupo, explica que a Boa Vista foi desenhada para atingir até 7 milhões de toneladas da capacidade de processamento. Foi inaugurada em setembro de 2008, nos doze meses seguintes recebeu inves! timentos de R$ 120 milhões mas, diante das incertezas quanto à dimensão da crise mundial, o grupo desacelerou o ritmo até que chegassem os recursos do BNDES.
A Boa Vista era 90% da São Martinho e 10% da Mitsubishi Corporation, composição acionária que foi alterada no fim de novembro, quando o grupo brasileiro comprou a fatia japonesa por US$ 14,07 milhões. A despeito desse negócio, o contrato de fornecimento de etanol à Mitsubishi foi mantido, o que, na próxima safra, deve significar um volume de 30 milhões de litros, cerca de 5% da produção da companhia brasileira, segundo João Carvalho do Val, diretor-financeiro e de relações com investidores do grupo.
Na atual safra, foram produzidos 595 milhões de litros de álcool, ante os 674 milhões de litros do ciclo anterior. O foco, explica Venturelli, era produzir mais açúcar neste ciclo e aproveitar os preços elevados, objetivo que foi atingido com a fabricação de 702 milhões de toneladas da commodity, acima das 555 milhões d! e toneladas da safra anterior, mas abaixo da meta de 720 milhões de toneladas previstos inicialmente.
“As chuvas foram muito agressivas. Uma única usina, a Iracema, perdeu neste ciclo 59 dias de moagem, quase 2 meses de safra. Na nossa recordista, São Martinho, as chuvas também atrapalharam, mas a moagem acima da meta no início do ciclo ajudou a compensar os contratempos.”
Na safra 2008/09, a usina São Martinho processou 8,004 milhões de toneladas de cana, o que já significou um recorde mundial. “A elevada mecanização da lavoura e o foco em produtividade na usina foram decisivos para esse desempenho”, diz Venturelli.
Em suas três usinas, o grupo moeu as 13 milhões de toneladas de cana previstas, ante as 11,9 milhões de 2008/09. Na próxima safra, segundo do Val, o processamento de cana deve crescer 1 milhão de toneladas somente com ganhos de eficiência das unidades já existentes.
Um investimento estratégico do grupo neste ano foram os R$ 18 milhões p! ara aumentar a flexibilidade das duas usinas paulistas. No próximo ciclo, a Iracema, que tinha uma capacidade de produzir até 50% de açúcar, terá condição de atingir até 70% com esse produto ou com etanol, dependendo da viabilidade.
A usina São Martinho, que também tinha um mix de 50%-50%, foi flexibilizada para fazer até 55% de qualquer um dos produtos. De certa forma, a usina Boa Vista, que é a única que não produz açúcar, também foi flexibilizada com a parceria com a americana Amyris. Em 2011/12, quando estiver processando 3,4 milhões de toneladas, 2 milhões de toneladas serão destinados para a fabricação de especialidades químicas.