“Cachorro com muito dono morre de fome.”
Esse ditado resume bem o que acontece com a transição energética. Todos falam, mas poucos assumem a responsabilidade real.
Agora, um paralelo. Desde 1945, os EUA gastaram cerca de 10 trilhões de dólares na Guerra Fria. Esse valor poderia comprar tudo no país – prédios, carros, aviões, fábricas – exceto a terra. Tudo isso para um risco que, no fim, nunca se concretizou.
O argumento? Era preciso se preparar para o pior. Se existia alguma chance de uma invasão soviética, mesmo que pequena, era justificável investir trilhões na defesa.
Então, por que esse mesmo raciocínio não se aplica à mudança climática? Se há qualquer possibilidade, por menor que seja, de um colapso ambiental, não deveríamos estar investindo trilhões para evitá-lo?
Mas a resposta que vemos é outra.
Enquanto o mundo gasta centenas de bilhões subsidiando combustíveis fósseis, os investimentos em energia limpa ainda são debatidos como secundários, sem a velocidade e a importância necessárias.
A mudança climática não é uma hipótese.
Ela já está acontecendo. E, diferente da Guerra Fria, não se trata de um inimigo externo, mas de algo que nós mesmos estamos causando.
Se a humanidade gastou trilhões para se proteger de um risco remoto, por que hesitamos em fazer o mesmo diante de uma ameaça iminente?
A resposta parece evidente: os governos não enxergam a urgência da questão dentro dos prazos políticos de seus mandatos.
No setor empresarial, o dilema do ovo e da galinha.
Sem volume, não há competitividade de preços. Sem competitividade e apenas com subsídios, os negócios não se sustentam e o risco é gigante.
Estamos perdidos. Manter o aquecimento global abaixo de 2°C já parece inimaginável até para o estudioso mais otimista.