Poucos setores da economia brasileira passaram por transformações tão profundas, nas últimas décadas, como o sucroenergético. As diversas mudanças estruturais no setor a partir da década de 70, com a modernização do parque industrial, exigiram que as empresas produtoras de etanol e açúcar se atualizassem para sobreviver.
Cunha avalia que o setor sucroenergético passou por muitas mutações nos últimos anos. Foto: Nando Chiappetta Neste sentido, o trabalho feito pelo Sindicato da Indústria do Açúcar e do Álcool no Estado de Pernambuco (Sindaçúcar), há mais de seis décadas, tem sido exemplo nas ações adotadas para adequação às necessidades do mercado, o que confere à organização mais uma vez a homenagem do Diario de Pernambuco.
“A otimização de uma genética de cana cada vez mais focada no etanol e celulose é uma tendência mundial”
Há oito anos à frente do Sindaçúcar, o presidente Renato Cunha orgulha-se das conquistas obtidas pela equipe do sindicato, seu conselho e assembleia de associados, ao longo das últimas décadas. “O setor sucroenergético passou por muitas mutações nos últimos anos, em especial com o advento, em 1979, do Pró-álcool, que em 1985 perdeu força e exigiu o realinhamento do setor. A privatização das exportações, em 1988, e a extinção do Instituto do Açúcar e do Álcool (IAA), em 1990, também foram marcantes”, destaca. Renato Cunha lembra que a partir daí as mudanças foram ainda mais significativas.
“Em 1991, a Petrobras chegou a importar metanol como concorrente para o álcool. Em 1993, começamos a ver a mistura de 25% do etanol anidro na gasolina. Em 1997, houve a desregulamentação total do setor. Em 1998 foi criada a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) ainda sem o etanol, que só fez parte recentemente do estatuto. Ou seja, foram várias fases difíceis. Sobrevivemos porque nos readaptamos ao mercado”, comenta o presidente.
Com 68 anos completados no último dia 20 de novembro, o Sindaçúcar comemora os avanços na atuação para o desenvolvimento do setor sucroenergético pernambucano, elaborando estudos, prestando assistência jurídica aos associados, incentivando o melhoramento tecnológico e participando da condução da política setorial.
Preocupação ambiental
O desenvolvimento do estado vem atingindo um grau de diversificação bastante elevado. Hoje, é importante que os novos investidores saibam que Pernambuco dispõe de combustíveis limpos que evitam o aquecimento global. Em todo o mundo, o que se vê é um reposicionamento das matrizes energéticas, incentivando a produção de biocombustíveis.
O agronegócio da cana-de-açúcar aparece aqui como uma das alternativas para o meio ambiente, gerando não só açúcar, mas principalmente bioeletricidade, ou seja a energia oriunda do bagaço da cana. Em Pernambuco, mais de 400 mil residências já estão recebendo este tipo de energia – número que pode duplicar nos próximos cinco anos se houver uma modernização das termelétricas, através de um programa de retrofit, isto é, modernização das térmicas de biomassa e das pequenas centrais hidrelétricas.
“O sindicato está cada vez mais procurando acompanhar essas mudanças. A otimização de uma genética de cana cada vez mais focada no etanol e celulose é uma tendência mundial. Uma das nossas missões hoje é maximizar a produtividade, visando a sustentabilidade que é requerida nos padrões do desenvolvimento”, explica Cunha.