Indústria

O que falta para a FS colocar em prática projeto de enterrar o carbono do etanol

FS: projeto pioneiro de captura de CO2 do etanol para estocar no solo depende de licenciamento

Unidade da FS em Lucas do Rio Verde, no Mato Grosso
Unidade da FS em Lucas do Rio Verde, no Mato Grosso

A FS Biocombustíveis tem projeto pioneiro junto da planta de produção de etanol de milho em Lucas do Rio Verde (MT): capturar carbono (CO2) e armazená-lo abaixo do solo.

Em maio de 2024, a produtora de etanol de milho confirmou a viabilidade técnica do projeto para injetar toda a sua emissão atual de carbono na planta, de 423 mil toneladas ao ano, de forma líquida por 30 anos, o que resultaria em uma estocagem de 12 milhões de toneladas de carbono no subsolo no período (leia mais aqui).

Segundo a divulgação em 2024, “os estudos identificaram uma camada de rocha selante com características compatíveis para a manutenção do gás no subsolo, além de uma camada inferior de rocha porosa com características adequadas para armazenar o gás carbono de forma líquida. Também foram verificadas outras características geológicas em conformidade, como relacionada à salinidade do solo.”

O que falta, então, para a FS implantar de vez seu projeto de estocagem de CO2 do etanol?

Em entrevista ao JornalCana, Daniel Lopes, vice-presidente de Sustentabilidade e Novos Negócios da FS, explica o que falta para que o projeto seja colocado em prática.

A planta de captura de carbono e estocagem no solo está prevista para junho de 2026, como divulgado?

Daniel Lopes – A operação está prevista para começar em junho de 2026, porém o início das obras ainda depende de licenciamento ambiental e regulação da atividade pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP).

Para que o projeto entre em operação devidamente oficializada, precisa de sandbox regulatório (período de teste para as regras que permitiram que a empresa operasse esse novo sistema)? Essa regulação integra a regulamentação da Lei Combustível do Futuro?

Daniel Lopes – A Lei Combustível do Futuro inclui o marco legal para captura, movimentação e estocagem de dióxido de carbono em subsolo (CCS/BECCS) e atribui à ANP a competência de regular e conceder aprovação para a atividade.

Desta forma, a efetiva implementação do disposto na Lei depende ainda da edição e publicação de regulações específicas por parte da ANP sobre o tema.

Projeto pode ser usado como piloto para regulação

O projeto piloto da FS pode ajudar o país na regulamentação de estocagem em solo do carbono capturado?

Daniel Lopes – Sim, o projeto da FS pode ser utilizado pela ANP como piloto para a regulação. Estamos abertos a colaborar para que o Brasil tenha uma regulação robusta e eficiente, inclusive podendo servir de modelo para outros países.

A implementação do projeto de BECCS da FS trará um impacto bastante importante sobre as emissões de carbono do setor como um todo e para a indústria de transportes.

Com ele, será possível a produção de etanol carbono negativo e esse é um passo estratégico para o Brasil no processo de transição energética.

O que, além do sandbox, falta, em termos oficiais, para a FS empreender a planta de captura de carbono e estocagem no solo?

Daniel Lopes – O início das obras para implementação do sistema BECCS deve acontecer assim que concluídas as fases de licenciamento e regulação.

Este é um projeto inovador, o primeiro no Brasil. Foram anos de pesquisas e testes espelhados em modelos similares que operam em outros países. Seguimos muito confiantes e firmes no objetivo de ser a maior produtora de etanol negativo em carbono do mundo.