Um projeto de uma empresa da Suécia de importar 130 mil toneladas de etanol brasileiro por ano para refiná-lo e comercializá-lo na Suíça está provocando grande polêmica no Estado suíço de Delemont, na região central do país, com protestos de diversas entidades relacionadas com a sustentabilidade do negócio.
A empresa Greenbioenergy, controlada por investidores escandinavos, decidiu instalar a usina em Delemont a partir de um investimento de US$ 100 milhões. O plano é aproveitar a demanda por biocombustíveis, já que a produção helvética foi interrompida por ser economicamente muito desvantajosa.
Com isso, a ideia passou a ser importar o etanol brasileiro produzido a partir da cana-de açúcar e refiná-lo na Suíça para obter 100% de pureza do produto. “Vamos tratar os 10% finais do produto”, afirma Jean François Gnaegi, responsável pelo projeto. Com isso, o projeto é v! ender 20% da produção para o setor farmacêutico e os outros 80% para o consumo como combustível.
A implantação de uma usina de produção de etanol responde assim à necessidade de bioetanol, permite redução de gás carbônico e diminui a dependência energética e financeira do petróleo, de acordo com a empresa.
A companhia procurou mostrar que, produzido de maneira responsável e respeitando os critérios fixados pelo governo suíço, o etanol à base de cana do Brasil reduz os gases de efeito estufa em até 80%, mais do que qualquer outro biocarburante.
Mas nada disso convence organizações ecológicas na Suíça. Entidades voltaram a protestar ontem, inclusive com um “trem contra a fome”. Elas querem uma moratória para bloquear a produção de etanol. Estimam que a importação de etanol de cana do Brasil “coloca gravemente em perigo os direitos e a saude dos trabalhadores, a alimentação e o futuro de pequenos agricultores brasileiros, como tambem a biodiversidade dos meios na! turais brasileiros”.
Para os representantes das entidades ambientalistas, a produção de um agrocarburante economicamente rentável só é possivel com “pressão considerável sobre o desmatamento, redução de fertilidade de solos e poluições diversas” – acusações que o Brasil já cansou de negar.
Mas o conflito está criado e ilustra o que pode ocorrer em outras regiões da Europa. A empresa conta com o tempo, já que a construção da usina levará ainda dois anos e meio. E já acena com mais importação de etanol de segunda geração, feito a partir de fontes como detritos de madeira.