Com inauguração prevista para o segundo semestre de 2025, a Alvorada Bioenergia deu um importante passo nesta semana. Primeira indústria de etanol, farelos e óleo de milho da região do Araguaia mato-grossense, a biorrefinaria foi aprovada na linha de financiamento “Fundo Clima”, do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
O “Fundo Clima” faz parte da Política Nacional sobre Mudança do Clima, do Governo Federal, e é vinculado ao Ministério do Meio Ambiente.
A meta é fomentar empreendimentos que ajudam a mitigar as mudanças climáticas, reduzindo a emissão de gases do efeito estufa, por exemplo.
É o caso da Alvorada. A indústria, que está sendo construída em Canarana (MT), terá capacidade de produção de 222 milhões de litros de etanol, a partir do milho produzido por produtores da região leste do estado.
Com máximo aproveitamento do insumo, fabricará ainda farelos (DDG e DDGS) e óleo de milho – e a energia gerada no processo industrial será usada na operação da planta.
“Nosso projeto obteve valor máximo na pontuação do financiamento. Isso mostra que, além da solidez financeira da empresa, estamos no caminho certo ao investimos na energia renovável, contribuindo para a política de descarbonização do Brasil”, observa Leandro Wendt, CFO da Agrícola Alvorada – empresa responsável pelo empreendimento.
O crédito aprovado para a biorrefinaria, de cerca de R$ 500 milhões, compõe o valor total de R$ 670 milhões de investimento total. A indústria de etanol começou a ser construída neste ano pela Agrícola Alvorada, grupo empresarial que desde 2002 comercializa soja e milho em Primavera do Leste (MT).
De lá para cá, a empresa adicionou insumos e assistência técnica no portifólio. Hoje, tem a segunda maior capacidade estática de armazenamento de Mato Grosso (1,8 milhão de toneladas de grãos) e soma 19 unidades distribuídas por 13 municípios de norte a sul do estado.
O formato de negócio da Alvorada Bioenergia ajuda a explicar o aval do BNDES, porque verticaliza uma commodity já disponível na região para a geração de energia renovável.
Os produtores do Araguaia respondem hoje por 29% da safra 2023/24 de milho do estado (13,74 milhões de toneladas), de acordo com dados do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea).
Com a usina operando, a economia local será aquecida, principalmente a atividade de cria e recria de animais. Isso porque um dos produtos da fábrica, o farelo de milho (DDG/DDGs), é uma opção altamente nutritiva e mais acessível para a dieta animal de bovinos, suínos, aves e peixes.
“A fábrica de etanol de milho será um marco tanto para a nossa empresa quanto para o Vale do Araguaia, que ganhará uma nova referência em produção de energia renovável”, afirma Jarbas Weis, CEO da Alvorada Bioenergia.
A estimativa é de que a Alvorada Bioenergia gere 300 empregos diretos e indiretos. Durante as obras, cerca de 1.500 postos de trabalho diretos e mais de 3 mil indiretos estão sendo criados.
De acordo com a União Nacional do Etanol de Milho (Unem), o Brasil é hoje o segundo maior produtor de etanol de milho do mundo.
Em sete anos (de 2017 a 2024), a produção passou de 500 mil litros para 6,27 bilhões de litros. Das 22 biorrefinarias em operação, 11 estão no estado de Mato Grosso.