Voltados para as difíceis negociações para um compromisso planetário contra a mudança climática, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou durante a terceira reunião de cúpula entre a UE (União Europeia) e o Brasil, em Estocolmo na Suécia, que o meio ambiente é a principal saída para a crise global.
Além disso, outros temas foram discutidos como a reforma das Nações Unidas, o apoio aos países em desenvolvimento, a produção de etanol juntamente com a África e os países da União Europeia e a possível compra dos 36 caças suecos.
Em declaração conjunta, o presidente Lula e o primeiro-ministro da Suécia, Fredrik Reinfeldt, na qualidade de presidente do Conselho da União Europeia e o presidente da Comissão Europeia, José Manuel Durão Barroso, destacam que “os dois lados concordaram quanto à importância de manter, no momento, o estímulo a políticas macroeconômicas e financeiras, mas também sublinharam! a necessidade de começar a elaborar estratégias para a retirada desses estímulos assim que a recuperação se consolide, e de assegurar a sustentabilidade fiscal a médio prazo”.
A reforma de organismos internacionais é outra das conclusões da cúpula realizada na capital sueca. Brasil e União Europeia concordaram ser necessário “buscar a reforma dos principais órgãos das Nações Unidas, entre os quais a Assembleia Geral, o Ecosoc e o Conselho de Segurança, com vistas a ampliar a representatividade, transparência e efetividade do sistema”.
O apoio aos países em desenvolvimento é outra das conclusões contidas na Declaração conjunta. Brasília e Bruxelas concordaram que “a alocação de substanciais recursos financeiros e tecnológicos, bem como capacitação, será crucial para o processo de mitigação e adaptação nos países em desenvolvimento e reconheceram que um pacote financeiro robusto, incluindo vigorosas disposições de financiamento público internacional por parte dos p! aíses desenvolvidos, será fundamental para o sucesso da COP-15”.
Os líderes reafirmaram o compromisso do Brasil e da UE com a promoção do uso de energias renováveis, incluindo a produção e uso de biocombustíveis sustentáveis, como o etanol. Nesse contexto, sublinharam a importância do Zoneamento Agroecológico da Cana-de-açúcar no Brasil e comprometeram-se a continuar trabalhando em estreita colaboração com os países interessados na promoção de biocombustíveis sustentáveis, bioenergia e outras formas de energia sustentável no plano internacional.
Segundo Lula, será impossível acabar com o desmatamento da Floresta Amazônica. Contudo, ele apresentou as próprias metas de redução de emissões. “Não temos como acabar com os desmatamentos da floresta amazônica e crescermos economicamente, seria como acabar com uma cabeça careca”, brincou o presidente ao acrescentar, que está reforçando o maquinário e a potência militar brasileiros para não deixar que “piratas” tentem se apod! erar das riquezas naturais do País, como o pré-sal e a fauna e a flora do País.
De acordo com o consultor de sustentabilidade e energia renovável da Trevisan, Antonio Carlos Porto Araújo o desmatamento zero solicitado pelo Greenpeace e outros países do mundo, é realmente impossível, uma vez que a energia hidráulica utilizada pelo Brasil depende também da perda de Floresta Amazônica.
“Todos querem crescer e com sustentabilidade, mas o Brasil só pode prometer combater até 80% do desmatamento. O presidente Lula tem um discurso coerente e certo, pois a nossa energia é limpa, hidráulica e só usamos 28% do potencial tecnicamente aproveitável, podemos crescer mais 3 vezes e meia, não podemos impedir o brasileiro de se desenvolver da mesma forma que o resto do mundo”, explicou.
Nesse contexto, o Brasil e a UE reconheceram os respectivos esforços para o enfrentamento da mudança do clima, incluindo o Plano Nacional sobre Mudança do Clima do Brasil e o Pacote de Energia e C! lima da UE. Além de convocarem outros países desenvolvidos e em desenvolvimento a apresentarem, respectivamente, metas ambiciosas de redução de emissões e ações e estratégias de mitigação, o mais rapidamente possível, antes da reunião de Copenhague, que acontece daqui a dois meses.
Caças
O presidente Lula foi Indagado pelo primeiro-ministro sueco quanto à escolha para a compra dos 36 caças para a Força Área Brasileira, que tem três propostas ainda em escolha, da França (Dassault), Estados Unidos (Boeing) e a Suécia (Saab) e a anterior declaração de que já havia sido escolhido o modelo francês.
O presidente afirmou que na época não conhecia as propostas concorrentes, e frisou que ainda não há definição sobre o assunto.
“Não tinha conhecimento sobre a proposta sueca”, disse Lula.
Karina Nappi