Até então destinada principalmente à produção de cachaça, açúcar, melado e rapadura, a cana-de-açúcar começa a ganhar contornos de cultura de grande escala no Rio Grande do Sul. A crescente demanda mundial por biocombustíveis impulsionou a procura pelo etanol brasileiro. E a divulgação do Zoneamento Agroecológico Nacional da Cana-de-Açúcar abriu a possibilidade de os gaúchos disputarem esse mercado. O estudo apontou que 141 municípios do Estado estão aptos ao plantio e às políticas públicas de fomento da cadeia produtiva. O zoneamento é a referência para a inserção de uma cultura alternativa nas propriedades com fins econômicos tanto quanto soja ou milho, observa o assistente técnico estadual da Emater Alencar Rugeri.

Potencial existe. Para atender ao consumo gaúcho anual de álcool combustível de 1 bilhão de litros são necessários 300 mil hec! tares de cana. No entanto, as lavouras ocupam apenas 36 mil hectares no Rio Grande do Sul, dos quais somente 2,5 mil hectares destinam-se à produção de etanol, que atendem 2% da necessidade. As limitações técnicas, que impediam a expansão da cultura, foram superadas com a multiplicação de variedades adaptadas ao clima e solo gaúchos e com alta produtividade: nos experimentos de campo da Emater e da Fepagro, algumas cultivares chegaram a render 130 toneladas por hectare. Além disso, o governo federal solicitou ao Conselho Monetário Nacional a criação de linhas de crédito do BNDES para instalação de plantas para processamento da matéria-prima.

Estabelecidas as condições de financiamento, mercado, plantio e beneficiamento, depende agora dos agricultores a decisão de apostar suas fichas nessa matriz produtiva e econômica. Para Rugeri, a decisão passa pela definição do modelo de produção a ser adotado no Rio Grande do Sul, que não deverá reproduzir a realidade de São Paulo, onde os can! aviais se concentram nas grandes propriedades. Na avaliação do economista Tarcísio Minetto, da Fecoagro, também são decisivos fatores como custos, logística e o modo de gestão de cada propriedade. Questões que o 2O Seminário Cana-de-Açúcar, Álcool e Etanol pretende responder no dia 19, na Assembleia, na Capital.