Açúcar e etanol

Cenário altista para o açúcar se mantém apesar dos revezes climáticos e queimadas

Safra 2024/25 deve produzir menos de 40 milhões de toneladas do alimento, impulsionando o mercado

Cenário altista para o açúcar se mantém apesar dos revezes climáticos e queimadas

Mesmo diante de eventos climáticos extremos e incêndios, o cenário para o mercado de açúcar continua promissor. Mesmo que a produção de açúcar no Brasil seja menor, o mercado global permanecerá favorável devido à ausência de exportações da Índia.

“Nossa visão é de um ciclo positivo, com um cenário altista. O Brasil produzirá menos de 40 milhões de toneladas de açúcar, a Índia não exportará, e, portanto, o ciclo altista se manterá, o que é importante”. Em síntese essa foi a perspectiva apresentada por Luiz Carlos Corrêa Carvalho, presidente da ABAG e diretor da Canaplan, durante sua palestra no 3º Congresso Técnico Global Cana, realizado no último dia 5 de setembro, em Ribeirão Preto – SP.

Segundo Carvalho ainda há grandes oportunidades para a indústria sucroenergética, especialmente com o avanço das pesquisas, os investimentos no uso integral de cana e milho, e a expansão da produtividade com a consequente redução de custos. Ele ressaltou que a estabilidade regulatória, a segurança dos contratos e as melhorias no transporte serão fundamentais para o setor, especialmente diante da crescente demanda por açúcar e do potencial limitado de outros países.

Em relação à safra 2024/25, o diretor da Canaplan apontou para uma redução nas estimativas de produção, devido a uma série de adversidades, como secas, podridão, geadas e, mais recentemente, os incêndios. “A quebra de produção é evidente, dificultando a produção de açúcar, que deve ser menor do que a safra passada,” explicou, comparando a situação à safra de 2011/12.

No contexto energético, Carvalho destacou a evolução da oferta de etanol, impulsionada pela integração com o milho, que ele considera a “palavra-chave” para a economia atual. Segundo ele, o principal desafio consiste em reduzir a lucratividade dos combustíveis fósseis e acelerar o crescimento das energias renováveis. “Quanto mais nos aproximamos da lógica econômica, mais nos afastamos da lógica ecológica. É mais fácil retardar o desmantelamento das infraestruturas fósseis do que avançar na construção de estruturas de energia limpa,” observou.

Carvalho também chamou a atenção para a importância do agronegócio na economia brasileira, especialmente em termos de balança comercial. Ele destacou que, mesmo diante dos desafios fiscais, o agronegócio continua a apresentar uma trajetória ascendente. Segundo Carvalho, o mundo precisará de um “novo Brasil” até 2030, especialmente no que diz respeito à transição energética.

O diretor da Canaplan enfatizou o potencial do Brasil no desenvolvimento de combustíveis como o SAF (combustível sustentável para aviação), combustível marítimo, biometano e hidrogênio verde. Ele mencionou a recente aliança de 19 países em prol do etanol e destacou o rápido crescimento da mistura de etanol na gasolina na Índia.

Carvalho finalizou sua palestra ressaltando que a biocompetitividade será um fator determinante no mercado global nos próximos anos. “O mundo precisará de mais de 70 a 80 milhões de hectares de área cultivável até 2030, e o Brasil está na vanguarda com suas práticas de agricultura sustentável,” afirmou. Ele reforçou a necessidade de acelerar a recuperação de áreas degradadas, conquistar a liderança em automação e tecnologia analítica avançada no campo, além de agregar valor e tecnologia às matérias-primas brasileiras, consolidando o país como uma biorrefinaria sustentável.