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Especialistas discutem o papel do país na adoção de energias sustentáveis

Fórum Nordeste foi realizado nesta segunda-feira (3), em Recife-PE

Especialistas discutem o papel do país na adoção de energias sustentáveis

O Brasil, com seu vasto potencial em energia renovável, desponta como um dos principais protagonistas globais na transição para uma economia de baixo carbono. Essa foi a principal mensagem do painel “O Potencial do Brasil na Transição Energética”, realizado durante a 13ª edição do Fórum Nordeste, realizado nesta segunda-feira (2), em Recife – PE. Organizado pelo Grupo EQM, o evento reuniu especialistas e líderes do setor para debater o futuro das energias limpas no país.

Plínio Nastari, presidente da DATAGRO, liderou o debate e destacou a importância do Brasil no cenário mundial, reforçando que “o país está na vanguarda mundial com uma matriz energética altamente sustentável, o que o coloca em uma posição privilegiada na transição energética”.

O evento contou com a participação de Eduardo de Queiroz Monteiro, presidente do Grupo EQM e realizador do Fórum, Cintia Cristina Ticianeli, diretora da Agroserra Industrial e da FIEMA – Maranhão, e Guilherme Nolasco, presidente Executivo da União Nacional do Etanol de Milho (UNEM). Pedro Robério Nogueira, presidente do Sindaçúcar Alagoas, atuou como mediador. Juntos, eles exploraram os desafios e as oportunidades que o Brasil enfrenta para se consolidar como um líder global em energia renovável.

Nastari enfatizou que o sucesso do Brasil na transição energética está intrinsecamente ligado a políticas públicas eficazes e ao fortalecimento do arcabouço legal que atrai investimentos para o setor. “Transição energética é segurança energética, segurança alimentar e está na agenda do mundo inteiro. O Brasil está na direção certa ao criar um ambiente regulatório que favorece a transição energética”, afirmou.

Ele destacou que aproximadamente 50% da matriz energética e 93% da matriz elétrica do país já são limpas e sustentáveis, comparado com uma média global de apenas 14,7%. Um dos principais pilares desse sucesso é a cana-de-açúcar, responsável por 16,9% da energia limpa do Brasil. “O Brasil é renovável em grande medida por conta da cana-de-açúcar”, reiterou.

Plínio Nastari: O Brasil é renovável em grande medida por conta da cana-de-açúcar (Foto:Divulgação Folha de Pernambuco)

No entanto, o especialista alertou para os desafios que o setor ainda enfrenta, especialmente em relação à produção de açúcar e etanol. O consumo mundial de açúcar continua a crescer a uma taxa de 2 milhões de toneladas por ano, com Brasil e Índia liderando o crescimento potencial. Mesmo com investimentos recentes em capacidade de cristalização no Centro-Sul do Brasil, Nastari prevê que a produção de açúcar na safra 2024/2025 deve ficar abaixo das expectativas, enquanto o etanol de milho deve ganhar cada vez mais importância.

“A produção de etanol de milho no Brasil deve chegar a 7,7 bilhões de litros em 2024/2025 e atingir 16,3 bilhões de litros em 2033/2034, volumes que correspondem a 13,1 e 27,7 milhões de toneladas de Açúcar Total Recuperável (ATR), respectivamente”, explicou.

A discussão também abordou as recentes iniciativas do governo brasileiro para acelerar a transição energética, com destaque para o Projeto de Lei 528/2020, conhecido como Combustível do Futuro, aprovado em março deste ano na Câmara Federal e nesta terça-feira (3), pela Comissão de Serviços de Infraestrutura do Senado Federal.

O projeto estabelece políticas de baixo carbono nos combustíveis, aumentando a quantidade de etanol misturado à gasolina e de biodiesel ao diesel. Além disso, outras iniciativas como o Programa de Mobilidade Verde e Inovação (Mover) e o RenovaBio foram citadas como fundamentais para a busca por um Brasil mais verde e sustentável.

“É importante estarmos atentos a essas políticas públicas para que o setor privado possa responder prontamente com investimentos, aumentando a capacidade de produção e contribuindo com as metas internacionais de descarbonização do país”, ressaltou Guilherme Nolasco, presidente da UNEM.

O painel também destacou a importância da conscientização da sociedade e do setor privado no processo de transição energética. “Das 20 maiores economias do mundo, o Brasil já é a que tem a energia mais renovável, mas poderíamos ter uma proporção ainda maior”, observou Plínio Nastari.

Ele mencionou que, embora 86% da frota de veículos leves do país seja flex, apenas 29,1% utilizam etanol, quando essa taxa poderia estar em níveis semelhantes aos de 2018, quando alcançou 41,5%. “Se tivéssemos uma maior utilização de etanol, poderíamos estar superando os 50% de renováveis na nossa matriz”, acrescentou.

Cintia Cristina Ticianeli diretora da Agroserra Industrial e da FIEMA – Maranhão, reforçou a necessidade de valorização do etanol, destacando que ele já contribui há muitos anos para a geração de empregos e renda em diversas regiões do Brasil. “Somos produtores legítimos de etanol, que está há décadas gerando empregos, renda e sendo um pilar para a economia de muitos estados. Essa conscientização tem que vir de uma valorização do que já temos. É olhar mais para o que fazemos e menos para o que falamos”, enfatizou.

Além de discutir o presente, o painel olhou para o futuro da transição energética no Brasil, ressaltando que o acesso a novos mercados será fundamental para preservar o equilíbrio do setor de açúcar e etanol (A&E) no país. O mercado potencial para essas energias limpas é mais de nove vezes superior à produção mundial atual, mas os investimentos necessários para materializar esse potencial são igualmente elevados. “O timing será determinante para o sucesso desses investimentos”, concluiu Nastari.

(Redação com informações da Folha de Pernambuco)