Mercado

Biocombustíveis serão os novos bárbaros do setor energético

O segundo painel da conferência “A educação ambiental e o futuro do mercado de biocombustíveis no Brasil” abordou o tema “O impacto ambiental dos novos combustíveis – Balanço de riscos, perspectivas e educação ambiental”. A mediação ficou a cargo do consultor em energia Humberto Viana Guimarães, que exaltou a principal matéria prima brasileira.

– A cana-de-açúcar, pela sua relevância, já não deveria se chamar assim, mas cana energética, em razão da abrangência de suas possibilidades. Ainda não nos demos conta da enorme revolução que ocorre por sua conta.

Humberto Guimarães citou trecho de artigo recém-publicado no Washington Post, que dizia: “… que lugar seria melhor do que o Brasil, um gigante democrático em rápido crescimento, com o qual os Estados Unidos mantêm uma sólida relação política e econômica, para resolver o nosso problema”.

Allan Kardec Duailibe, diretor da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), apresentou a palestra “A ANP e os biocombustíveis”. O objetivo foi destacar para o público o papel da agência em relação aos novos combustíveis. Kardec chamou os biocombustíveis de “novos bárbaros” por conta do espanto que eles vêm causando no cenário mundial de energia.

O palestrante explicou que, além de regular o mercado de petróleo, gás natural e biocombustíveis, a ANP desenvolve um importante trabalho relacionado à promoção dos combustíveis brasileiros no mundo. É de iniciativa da ANP, em conjunto com entidades como a Única e a Ubrabio, todo o trabalho de reforço do nome “etanol” para o produto antes conhecido como “álcool combustível”.

Sob o ponto de vista de educação ambiental, a agência tem estipulado para a indústria automotiva e de combustíveis fósseis limites máximos, cada vez mais rigorosos, para a redução da emissão de enxofre até valores internacionalmente aceitos – no caso, 10 partes por milhão como meta final. Allan Kardec apontou a correlação direta que há entre desenvolvimento e aumento no consumo de óleo diesel (utilizado em veículos pesados). De modo a conter os efeitos danosos desta equação, a ANP está cadastrando os pontos de abastecimento ao longo das principais rodovias, com o intuito de observar dificuldades e estipular um novo plano nacional de abastecimento.

A matriz mais limpa do mundo

Voltando aos “novos bárbaros”, Allan Kardec exaltou o trabalho dos estudiosos brasileiros que, ao longo dos anos, tornaram a matriz energética brasileira a mais limpa do mundo. Ele disse que “sem estardalhaço, o Brasil, dentro de pouco tempo, será o grande astro do mercado mundial”.

Mencionando o assunto etanol, Kardec apresentou dados de 2008 que dão conta que a exportação de etanol no ano passado (4,5 bilhões de litros para fins veiculares) foi responsável – para efeitos de e emissão de gases do efeito estufa – ao equivalente do dobro da gasolina consumida em Portugal (2,05 bilhões de litros, segundo dados da Direção Geral de Energia e Geologia de Portugal).