Durante o mês de junho, os preços dos CBios atingiram suas mínimas do ano, sendo negociados a R$ 66,50 por CBio no dia 10 de junho. “Esse valor reflete o pessimismo do mercado, a tolerância do governo com as distribuidoras que judicializaram suas metas individuais de CBios e a elevada oferta de créditos no mercado”, ressalta o Radar Agro do ItaúBBA, em seu monitoramento quinzenal do RenovaBio.
O relatório mostra que do lado da oferta, as fortes vendas domésticas de etanol pelas usinas resultaram em um nível elevado de escrituração de CBios, já que os créditos só podem ser escriturados no momento da venda, e não durante a produção. No entanto, estima-se que as vendas de etanol pelas usinas diminuirão nos próximos meses, invertendo o movimento observado em 2023, quando as vendas no segundo semestre foram maiores que no primeiro. Com a redução das vendas de biocombustíveis, espera-se uma menor escrituração de CBios, diminuindo assim a oferta de créditos de descarbonização.
O preço médio das negociações em 28 de junho foi de R$ 77,83 por CBio, seguindo a tendência de queda observada ao longo do ano, representando um valor 21% abaixo da média de 2024. A queda acentuada no dia 10 de junho, com o valor mínimo de R$ 66,50 por CBio, foi a menor desde setembro de 2022. O volume negociado de CBios em junho aumentou 5%, atingindo 6,1 milhões de créditos comercializados, mas ainda ficou 11% abaixo do mesmo mês no ano passado.
De acordo com o relatório da B3, a emissão de CBios em junho foi 24,8% superior ao mesmo mês do ano anterior, com 3,45 milhões de créditos de descarbonização emitidos. No acumulado do ano até 28 de junho, foram emitidos 20,8 milhões de CBios, um aumento de 25,2% em relação ao mesmo período de 2023.
Os estoques de créditos de descarbonização cresceram de 18,1 milhões de CBios em 1º de abril para 23,1 milhões em 30 de junho. Em junho, os estoques aumentaram em 2,5 milhões de CBios, com a parte obrigada acumulando cerca de 1,8 milhões de CBios. A parte obrigada aposentou 5,1 milhões de CBios e possui 11,8 milhões de CBios em estoque, totalizando 16,9 milhões de CBios adquiridos para a meta atual. As partes obrigadas terão que aposentar um total de 46,4 milhões de CBios até 31 de dezembro, somando a meta anual compulsória de 2024 e os créditos não entregues em 2023.
Regulamentações e Prazos de Comprovação
O decreto 11.141/22, publicado em 21 de julho de 2022, alterou os prazos para a comprovação das metas de aposentadoria de CBios pelas partes obrigadas. Excepcionalmente, o decreto definiu o dia 30 de setembro de 2023 como prazo final para a comprovação do cumprimento das metas compulsórias de 2022 e estabeleceu 31 de março do ano subsequente como a nova data limite para os próximos anos. Entretanto, em 26 de abril de 2023, o Ministério de Minas e Energia (MME) restabeleceu o dia 31 de dezembro de cada ano como a data limite, e não mais 31 de março do ano subsequente.
“Essa mudança nos prazos traz um impacto significativo para o planejamento das distribuidoras e demais partes envolvidas. Com a antecipação da data limite para 31 de dezembro, as empresas terão que ajustar suas estratégias para garantir o cumprimento das metas dentro do novo prazo. A análise do ItaúBBA destaca que essa medida pode aumentar a pressão sobre o mercado de CBios no curto prazo, principalmente se houver um desequilíbrio entre oferta e demanda”, informa o relatório.
Além disso, a expectativa de redução na oferta de CBios até o final do ano pode levar a uma volatilidade ainda maior nos preços, exigindo uma gestão mais eficaz por parte dos produtores e distribuidores de biocombustíveis. “A capacidade de adaptação e planejamento estratégico será crucial para navegar nesse cenário dinâmico e garantir a sustentabilidade dos negócios”, conclui o ItaúBBA.