Depois de idas e vindas e de muitas rodadas de negociação, o governo pode ter tomado uma decisão e optado pela proibição ao plantio de cana-de-açúcar na chamada Bacia do Alto Paraguai, no norte de Mato Grosso, área que concentra muitas nascentes que deságuam no Pantanal. Uma fonte que participa das discussões lembrou, no entanto, que até a criação de um mecanismo legal que defina as regras do zoneamento, o governo pode mudar de ideia, especialmente se houver pressão de grupos que apontam o potencial produtivo da região.
Apesar dos sucessivos adiamentos, a expectativa é a de que as regras do zoneamento sejam publicadas no mês que vem. O governo avalia pelo menos duas alternativas para formalizar as regras para plantio da cana: decreto presidencial ou projeto de lei. Na semana passada, o ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes, disse, após reunião para tratar do assun! to com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que a autorização para a presença de canaviais nas proximidades dos rios que correm em direção ao Pantanal era um dos pontos polêmicos do zoneamento.
Nos últimos meses, o governo já havia batido o martelo e decidido pelo bloqueio da expansão da cana nas áreas da Amazônia Legal e do Pantanal, opção que blinda, segundo um técnico em Brasília, cerca de 80% do território nacional contra a cana-de-açúcar. Outra definição tomada anteriormente pelo governo e que constará no zoneamento é que as usinas já instaladas nessas regiões poderão continuar trabalhando, ou seja, só está proibida a presença de novos canaviais. De acordo com informações do Sindicato das Indústrias sucroalcooleiras do Estado de Mato Grosso, 11 usinas estão instaladas no Estado, das quais cinco estão na região da Bacia do Alto Paraguai.