A utilização do vetor ambiental com a métrica do “poço à roda” coloca o Brasil na vanguarda global do processo de descarbonização. A afirmação foi feita por Plínio Nastari, presidente da DATAGRO, durante participação no Painel Magno, do 17º Congresso Nacional da Bioenergia, promovido pela UDOP – União Nacional da Bioenergia, que abordou o tema “Projeto Combustível do Futuro – O papel do etanol na agenda de descarbonização”.
“O programa Mover já adota a métrica do poço à roda, o que é uma grande evolução. No entanto, de forma muito importante e correta, a partir de 2027, o programa adotará o critério definitivo do berço ao túmulo. Este critério avalia as emissões de carbono durante todo o ciclo de vida do produto, desde a mineração dos minérios para a produção das autopeças, passando pela logística de transporte, montagem do veículo, uso durante sua vida útil de aproximadamente 300 mil quilômetros, até o descarte do veículo e de seus componentes. Esse é o critério definitivo”, explicou.
Nastari destaca que o Brasil é um exportador de sustentabilidade, possuindo em abundância recursos como radiação solar, água, solo, além de uma população organizada e capacitada para utilizar esses recursos. “Muitos países têm apenas dois ou três desses elementos. Poucos possuem todos os quatro, prontos para serem desenvolvidos. Além disso, temos condições institucionais, regulatórias e legislativas favoráveis para que isso se concretize”, ressaltou.
A adoção de novos percentuais na mistura de etanol à gasolina, como estabelecido pelo projeto de lei Combustível do Futuro, também coloca o Brasil na liderança global. A proposta aumenta a mistura de etanol de 18% para 27,5%, com recomendação de curto prazo para 30%.
“Nos Estados Unidos, o sonho das montadoras é alcançar o mid-level ethanol blend, que é a mistura de 25 a 30% de etanol na gasolina. Já estamos na faixa superior desse blend, o que reduz a utilização de compostos aromáticos cancerígenos na gasolina, além de diminuir a emissão de enxofre e material particulado. O biodiesel também está em foco, com a meta de aumentar a mistura de 14% para 20%, podendo chegar até 25% na mistura obrigatória ao diesel fóssil”, afirmou.
O presidente da DATAGRO também mencionou o Projeto de Lei de Aceleração da Transição Energética, que permite a utilização de precatórios e títulos públicos como garantia de financiamento para projetos de transição energética. Além disso, destacou o sucesso do RenovaBio, que já possibilitou a negociação de mais de 100 milhões de toneladas de CO2 equivalentes certificados.
“O mais importante do CBio, que é negociado livremente no mercado, é a possibilidade de ter a produção certificada. Essa certificação ocorre a nível individual de cada produtor, ao contrário de outros países onde é por rotas tecnológicas”, observou.
O consultor ressaltou que o Brasil é o único que adota a certificação individual, o que traz inúmeros benefícios. “Primeiro, incentiva cada produtor a buscar sua eficiência e recompensa individual, diferenciando sua produção. Isso cria um benefício para quem compra o produto, garantindo que ele atenda aos rigorosos padrões internacionais ISO 14000 de sustentabilidade e que a matéria-prima está sendo certificada sem desmatamento de vegetação nativa”, concluiu.