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Safra de cana da Índia impulsiona as ações de Cosan e São Martinho

As ações da Cosan e da São Martinho dispararam ontem na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) depois que o governo indiano sinalizou com uma nova quebra de safra de cana-de-açúcar no país. Os papéis da Cosan chegaram a subir 7,3% – a maior alta desde o dia 23 de julho – e as ações da São Martinho avançaram mais de 6%.

Martin Todd, diretor executivo da LMC International Ltd., disse que a disparada de 86% dos preços do açúcar este ano vai estimular os agricultores do mundo inteiro a aumentar o plantio de cana, o que potencialmente levará a um grande superávit dentro de dois anos.

“Teremos uma reação muito saudável”, disse Todd, da LMC, empresa de assessoria em commodities agrícolas sediada em Oxford, na Inglaterra. “Voltaremos a ter superávits de produção”, disse ele, em entrevista em Bancoc, na Tailândia.

O açúcar disparou para sua maior alta de 28 anos, uma vez que a Índia, o maior usuário e o segundo maior produtor mundial do edulcorante, registrou seu mês de junho mais seco de 83 anos. Ao mesmo tempo, áreas do Brasil, o maior exportador mundial do produto, receberam volumes de chuvas quatro vezes superiores ao normal, o que tornou a cana úmida demais para a moagem. A demanda mundial por açúcar deverá ultrapassar a oferta em 5 milhões de toneladas em 2009-2010 depois do déficit recorde de 7,8 milhões de toneladas verificado no atual ano-safra, disse Peter Baron, diretor executivo da Organização Internacional do Açúcar (OIA).

O mercado deve dar sinais de “desaquecimento significativo” no início do ano que vem, com as primeiras previsões da safra 2010-2011 da Índia, disse John Reeve, diretor de commodities agrícolas do Standard Chartered Bank, de Cingapura. Qualquer pico dos preços superior a US$ 0,15 por libra-peso normalmente foi seguido por “um grande movimento de vendas de contratos dentro de 18 meses”, disse Reeve, em entrevista.

O contrato futuro de açúcar mais negociado em Nova York ficou acima de US$ 0,15 por libra-peso desde junho, e alcançou o pico de 23,33 centavos de dólar, dia 12. O contrato de açúcar para entrega em outubro de 2011 custa quase US$ 0,05 por libra-peso a menos do que o para entrega em outubro de 2009, o que mostra que os operadores preveem queda dos preços.

Nem todos os operadores estão apostando numa queda, no entanto. O número de opções de compra da commodity para entrega em março de 2010 a US$ 0,40 a libra-peso sextuplicou em Nova York em menos de cinco meses, segundo a Bloomberg.