Os biocombustíveis passaram por uma prova de fogo nessa crise financeira internacional. A queda de mais de 70% do preço do barril de petróleo tornou os combustíveis fósseis mais atraentes do que os renováveis. O que é muito preocupante para o meio ambiente, uma vez que a gasolina e o diesel são um dos principais poluidores. Pensando na possibilidade de redução da queima de combustíveis fósseis e sobre o futuro mercado de biocombustíveis, a Casa Brasil e o Jornal do Brasil vão reunir quinta-feira, no Rio de Janeiro, os principais representantes do setor. O seminário “A educação ambiental e o futuro do mercado de biocombustíveis no Brasil” será realizado no auditório do Senac RJ, em Copacabana, a partir das 8h30.
O diretor executivo da União da Indústria de Cana-de-açúcar (Unica), Eduardo Leão de Souza, um dos palestrantes, explica que o acelerado ritmo de investimentos em usinas de etanol e biodiesel perdeu força! neste ano pela dificuldade de acesso ao crédito. Só para se ter uma ideia, cerca de US$ 20 bilhões foram investidos nos últimos quatro anos na construção de 108 unidades de produção de álcool combustível.
Com o afrouxamento da crise, os representantes do setor preveem a recuperação dos investimentos em biocombustíveis, já que as perspectivas a médio e longo prazos são muito boas. Pouco mais de 30% da frota atual de veículos do país são flex. Ou seja, a produção de automóveis que aceitem álcool como combustível vai continuar em alta, o que vai aumentar a demanda de etanol.
O grande alvo, no entanto, está nos 155 bilhões de litros de etanol que serão demandados nos Estados Unidos e na Europa a partir de 2022. Uma mudança na legislação americana determinou que um quantia mínima de etanol seja utilizada nos veículos a partir de 2022. Com essa emenda, a demanda nos Estados Unidos será de 140 bilhões de litros, seis vezes o consumo atual brasileiro. Já os países da União E! uropeia aprovaram uma lei que prevê 10% da frota movidos a combustíveis renováveis a partir de 2020, mais 15 bilhões de litros.
– Esse momento difícil pelo qual as usinas passaram será recompensado no médio e longo prazos por uma demanda muito maior do que a atual nos mercados interno e externo – ressaltou Souza.
Além disso, o presidente executivo da União Brasileira de Biodiesel (Ubrabio), Odacir Klein, destaca que a produção do combustível vai aumentar já em 2010, porque o governo deve instituir o B5 (adição de 5% de biodiesel ao diesel). Porém, a grande vantagem disso, segundo Klein, não é a recuperação do setor depois dessa crise, mas a questão ambiental.
– O etanol e o biodiesel poluem menos. Com o aumento dessa demanda, reduzimos a queima de combustíveis fósseis – destacou.
Conscientização
Com a preocupação da poluição do meio ambiente, a Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) enviou o projeto do S10 (diesel com men! os enxofre) ao governo na semana passada. O programa da nova composição do combustível prevê a construção de 11 novos polos de suprimento de diesel, mas principalmente medidas de conscientização das montadoras e das prefeituras. O projeto vai focar na fiscalização e na educação ambiental junto com a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores.
– O brasileiro já entendeu a importância do etanol para a economia, mas precisa compreender a relevância para o meio ambiente. Todas essas mudanças da ANP são necessárias para a redução do envio de enxofre para a menor poluição das cidades – salientou o diretor da ANP, Allan Kardec.