As dez maiores cidades da região de Ribeirão tiveram o pior primeiro semestre da década na geração de empregos formais, segundo dados do Ministério do Trabalho e Emprego.
Desde 2000, jamais, nos seis primeiros meses de um ano, o saldo de vagas -contratações menos demissões- foi tão baixo como no primeiro semestre deste ano, atingido em cheio pela crise mundial que começou no fim do ano passado.
De janeiro a junho de 2008, o saldo de empregos na região foi de 3! 5.185 empregos. Neste ano, foram criadas 7.654 vagas, o que representa um recuo de 78% -por coincidência, a queda percentual é idêntica no cenário nacional.
Apesar do desempenho ruim no período acumulado, o mês passado apresentou um sinal de recuperação da economia regional. O saldo de junho foi o melhor de 2009: 5.105 novas vagas. Foi o terceiro mês seguido de saldo positivo. Ou seja: janeiro, fevereiro e março foram os meses que puxaram a estatística para baixo (veja quadro nesta página).
“O desempenho do primeiro trimestre foi muito ruim. O segundo trimestre começou a melhorar, mas não o suficiente para reverter os números”, disse o economista e diretor da FEA (Faculdade de Administração e Economia) da USP-RP, Rudinei Toneto Junior.
A reação, porém, ainda é tímida. Junho foi o melhor mês de 2009, mas ainda ficou muito abaixo de junho de 2008, que teve saldo de 8.079 vagas. A expectativa agora é de uma retomada do crescimento no segundo semestre, mas sem o mesmo embalo ! de 2008.
“A procura está crescendo, as ofertas estão voltando. O setor sucroalcooleiro alavancou o crescimento nos últimos meses. A expectativa para os próximos meses é boa, mas em ritmo bem lento. O importante é que aquela onda de demissões diminuiu”, disse Mário Garrefa, presidente do Ceise-BR (Centro Nacional das Indústrias do Setor sucroalcooleiro e Energético).
A indústria, aliás, foi o setor que registrou a maior queda na geração de vagas. No ano passado, foram 20.015 empregos criados na indústria nas dez maiores cidades da região. Neste ano, o saldo é de 6.233 -queda de 68%.
Mas foi a agropecuária a principal responsável pela crise de empregos. Em 2008 foram criadas 1.216 vagas de janeiro a junho. Neste ano, o saldo é negativo: 5.858 postos de trabalho foram cortados -basicamente por causa da citricultura (leia mais nesta página).
Para Antônio Vicente Gol! feto, diretor do Instituto de Pesquisas Sociais da ACI-RP, a tendência para este segundo semestre é de melhora na economia, mas a crise deixará alguns traços na região. “Uma herança positiva é a seleção natural: as empresas que estavam mal das pernas foram eliminadas. Por outro lado, muitos deixarão de investir, de empreender.”