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Procenge fará software para gerenciar a safra

A empresa pernambucana Procenge está desenvolvendo um software de gestão para planejamento da colheita da cana-de-açúcar, atividade que é feita há mais de 400 anos na região. “A nossa estimativa é que isso contribua para uma redução de até 40% da logística da colheita”, explicou o diretor da Procenge, José Cláudio de Oliveira. Serão investidos R$ 2,5 milhões na iniciativa. Na produção da cana-de-açúcar, a logística corresponde a 80% de todos os custos com a colheita dessa planta, usada como matéria-prima na fabricação do açúcar e do álcool.

Com a implantação de um sistema de gestão da colheita, a redução de custos surgirá na diminuição do uso de combustível, na racionalização e disponibilidade dos equipamentos. “Essa redução não tem nada a ver com o enxugamento da mão de obra”, comentou, acrescentando que a colheita é feita atualmente com um nível de gerenciamento baixo e, por isso, o resultado é pouco eficiente.

O projeto de fabricação do software chama-se AgroGIS e vai permitir o acompanhamento do plantio via satélite, além do acompanhamento da colheita da cana-de-açúcar. Existem duas empresas acompanhando esse processo: Açúcar Guarani e a Cosan. A primeira tem seis unidades fabris no interior de São Paulo e está fazendo o planejamento do plantio e o seu acompanhamento, experimentalmente, com instrumentos do software que permitem rastrear o que está ocorrendo no campo.

A Procenge também levantou a estrutura existente nas usinas para desenvolver os chips que serão colocados nos equipamentos que fazem a colheita. Os chips vão possibilitar o acompanhamento online das máquinas. Essa parte do processo de fabricação do software está sendo feita em parceria com a Cosan, um dos maiores produtores de açúcar e álcool do mundo, com 18 unidades produtoras instaladas no interior de São Paulo.

Para se ter uma idéia do tamanho da Cosan, a empresa moeu 39 milhões de toneladas de cana-de-açúcar na safra 2007/2008, quando Pernambuco registrou uma safra de cerca de 19 milhões de toneladas de cana-de-açúcar. “É importante esse acompanhamento da Cosan, porque vai validar o processo e fazer com que as soluções apontadas saiam o mais próximo possível da realidade das usinas”, argumentou José Cláudio.

FINEP

O projeto AgroGIS foi um dos vencedores da seleção feita pela Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) dentro do Programa Nacional de Subsídio à Inovação. A instituição vai entrar com R$ 1,25 milhão, o que corresponde a 50% dos custos de fabricação do software. A outra metade será bancada pela Procenge. A Finep é ligada ao Ministério da Ciência e Tecnologia.

Seguindo informações da empresa, o princípio básico da inovação do projeto baseia-se na integração de várias tecnologias, incluindo redes sem fio, que visam automatizar a coleta, o registro e o processamento dos dados, permitindo a rastreabilidade da cana-de-açúcar até ela chegar na balança da usina, quando o processo será concluído.

A implantação do gerenciamento feito pelo software deve deixar a operação mais confiável, rápida e barata e contribuir para aumentar a competitividade da indústria sucroalcooleira brasileira.

Atualmente, cinco pessoas trabalham no projeto dentro da empresa. O projeto também vai demandar a contratação de especialistas que trabalharão como consultores em determinadas áreas. A expectativa é que a fabricação do software seja concluído até meados de 2010. A partir disso, várias empresas do setor sucroalcooleiro poderão adquirir licenças para! usar o produto ou contratar a prestação do serviço, que poderá ser feita pela Procenge.

A Procenge faz parte do Softex Recife, que tem 65 empresas associadas que produzem, principalmente, softwares. Há 35 anos no mercado de tecnologia da informação, a companhia emprega 220 pessoas e apresentou um faturamento de R$ 24 milhões em 2008.