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Transgênicos crescem e chegam ao etanol com Amyris

A Amyris, companhia norte-americana de tecnologia, inaugura hoje em Campinas, no Estado de São Paulo, uma planta de demonstração de produção de combustíveis renováveis a partir da cana-de-açúcar. O início das operações da unidade ocorre um mês depois da compra da parte da trading brasileira Crystalsev na joint venture formada há um ano pelas duas empresas. A capacidade diária da fábrica, cuja produção experimental começou a aproximadamente dois meses, a partir deste mês deverá ser da ordem de cinco mil litros.

De acordo com Patricia Machado Bueno Fernandes, pesquisadora e uma das autoras do Guia do Combustível Renovável, lançado nesta semana pelo Conselho de Informações sobre Biotecnologia (CIB), a tecnologia utilizada na planta da Amyris é inovadora e poderá fazer com que a companhia seja a primeira a oferecer ao mercado um combustível cuja tecnologia transgênica é introduzida em um microorganismo não pert encente a planta, a levedura (Saccharomyces cerevisiae), mas que adicionado ao caldo de cana aumenta a fermentação e, consequentemente, o volume de álcool produzido. “A proposta desse método é produzir álcool sem aumentar a área plantada”, destacou Fernandes.

Segundo a pesquisadora, outras pesquisas com enfoque no processo fermentativo também encontram-se em fase avançada e a possibilidade de aumentar o volume de álcool pode gerar novos combustíveis e não só o diesel destinado à aviação, como o que está sendo fabricado pela Amyris. “Isso vai resultar em uma mudança do cenário. Logo vamos falar em triflex”, disse Fernandes.

O diesel produzido pela Amyris deverá entrar em fase comercial no próximo ano. Em 2015, a meta é vender 1 bilhão de galões. A companhia também prevê parcerias com outras usinas na aquisição de matéria-prima para a fabricação do combustível.

Grãos

A forte demanda por sementes de milho geneticamente modificadas (GM) deverá consolidar a tra nsgenia para essa cultura já na próxima safra “cheia”, plantada no final deste ano. De acordo com levantamento do Conselho de Informações sobre Biotecnologia (CIB) junto à consultorias do setor, a demanda por milho transgênico na safra de verão será superior a 50%. “A previsão para a safrinha era de 19% e já estamos em 30%. Para a próxima safra esperamos a adoção em mais de 50%, o que já é um número considerado conservador pelas consultorias”, afirmou Alda Lerayer, diretora executiva do CIB. Números consolidados devem ser divulgados no início de agosto, quando os produtores costumam fechar as compras para a “safrona”. Segundo Alda, a biotecnologia do milho foi a adotada de forma mais rápida no País. Isso seria explicado pela vantajosa relação custo/benefício para os produtores – de 15% a 20%. “Ainda que a estimativa fosse conservadora, a redução de custo para o produtor seria de R$ 300 por hectare”, salientou. “Quem quiser que o agricultor plante milho convencional terá que pagar ess a diferença”, completou Lerayer.

A expansão dos transgênicos nas próximas safras não deve se limitar ao milho. Um dos mais novos projetos aprovados pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) vai impulsionar pesquisas com soja transgênica tolerante à seca. A pesquisa será feita em parceria com o Japan International Research Center for Agricultural Sciences (Jircas) e está avaliada em R$ 6 milhões. O gene já foi introduzido em um cultivar de soja brasileira sensível à seca e, se a Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio) autorizar os testes de campo, a capacidade de a planta responder à seca na safra de 2009/2010 será avaliada. A oferta de algodão GM também será maior devido a aprovação para a liberação comercial do algodão Bollgard II, desenvolvido pela Monsanto.

Na contramão do processo de expansão dos transgênicos a Associação Brasileira de Produtores de Grãos Não Geneticamente Modificados (Abrange) espera que o produto convencional, especialmente no caso do milho, seja mais valorizado. “Essa safra é um divisor de águas porque vamos ver o reconhecimento do mercado e o interesse dos consumidores”, afirmou César Borges, presidente da Abrange.

A Amyris, companhia norte-americana de tecnologia, inaugura hoje em Campinas, no Estado de São Paulo, uma planta de demonstração de produção de combustíveis renováveis a partir da cana-de-açúcar.