Com seus resultados prejudicados na safra 2008/09 pela desvalorização do real em relação ao dólar americano e pela amortização do ágio pago sobretudo na aquisição do controle da paulista Andrade, em 2007, a Açúcar Guarani espera retomar seus investimentos em expansão nesta temporada 2009/10.
“O foco será ampliar os investimentos, mas sem esquecer da geração de caixa”, disse Jacyr Costa Filho, diretor-presidente da empresa. Como metade da dívida total da Guarani é com seu controlador – o grupo francês Tereos, que detém quase 70% de seu capital total – e ele tem sido beneficiado pelo atraente patamar dos preços de cereais e do açúcar no mercado internacional, Costa Filho acredita que terá fôlego para expansões.
Na safra 2007/08, lembra o executivo, os investimentos da Açúcar Guarani atingiram cerca de R$ 800 milhões, montante que caiu para R$ 280 milhões no ciclo 2 008/09, que para efeitos contábeis terminou para a empresa em 31 de março passado. Ao mesmo tempo, conforme balanço de resultados enviado ontem à Comissão de Valores Mobiliários (CVM), a dívida líquida da empresa saltou de R$ 674,6 milhões para R$ 1 bilhão.
“De 31 de dezembro a 31 de março, a dívida foi reduzida em mais de R$ 200 milhões”, afirma o diretor-presidente, que reconhece, porém, que ela tem de cair mais. Mas Costa Filho comemora o aumento do Ebitda ajustado, de R$ 156,8 milhões em 2007/08 para R$ 228,3 milhões em 2008/09 – “é o que mostra a capacidade de geração de caixa da companhia, que é muito importante”.
Segundo ele, a preocupação da empresa com a geração de caixa pode ser medida, entre outros fatores, pelo viés operacional mais açucareiro em 2008/09. Aprofundada nos últimos meses, a valorização do açúcar tornou o produto mais interessante que o etanol, que vem de duas safras de preços decepcionantes, conforme analistas do segmento.
Apesar dos per calços, que deixaram como saldo um prejuízo líquido ajustado (por amortização de ágio) de R$ 194,8 milhões em 2008/09, ante lucro de R$ 27,7 milhões no ciclo anterior, a receita líquida da Guarani aumentou na comparação, de R$ 906,1 milhões para R$ 1,17 bilhão. Na safra, o preço médio do açúcar vendido pela companhia aumentou 20,1%; no caso do etanol, a alta foi menor, de 6,7%.
A Guarani é a terceira maior processadora de cana e produtora de açúcar do país. A empresa informa que Tem seis unidades industriais e moagem de 14,4 milhões de toneladas em 2008/09.