Investir em energia é fundamental para que o Brasil possa equilibrar competitividade e sustentabilidade
Já é fato consumado que a questão ambiental entrou definitivamente no rol das prioridades do governo Barack Obama.
Além de anunciar novas metas de eficiência para consumo de combustível (aumento de 40%) e limites para emissão de poluentes de automóveis (meta de redução de 30% até 2016), o presidente norte-americano anunciou também aportes para projetos voltados para as áreas de energia solar, eólica e geotérmica.
Todas essas medidas são um retrato claro do que o mundo vive nos dias de hoje: a busca pela competitividade e pela sustentabilidade, aliando economia a ecoeficiência.
Não apenas a questão das emissões, mas também do esgotamento de fontes de energia, como o petróleo, são, nos dias atuais, uma preocupação global, e o mundo todo já aposta na geração energética de fontes renováveis.
E xemplo disso é que em 2008 Estados Unidos e Europa instalaram uma maior capacidade de geração proveniente de fontes renováveis em relação às convencionais. Já a China, pelo quarto ano consecutivo, duplicou sua capacidade de geração de energia eólica, é o maior produtor mundial de painéis para captação de energia solar e está no caminho para se tornar uma incubadora de energias limpas.
Atualmente, com o advento da crise econômica mundial, o consumo de energia deus sinais de recuo. Mas a previsão, depois da fase de recuperação econômica, é de que a demanda mundial cresça a patamares superiores a 40%, sobretudo impulsionada pelos países que formam o chamado BRIC – Brasil, Rússia, Índia e China.
Estes países têm retirado da pobreza mais de meio bilhão de pessoas, aumentando o seu padrão de consumo e colocando boa parte dessas pessoas no patamar de classe média.
Com isso, é momento de os países investirem na diversificação da matriz energética para que a época de bai xa da demanda possa ser uma oportunidade de consolidação dessas alternativas.
É por esse caminho que o mundo sinaliza que irá seguir. E a crise, de certa forma, despertou cada país para os benefícios do equilíbrio na relação economia-preservação do meio, o que também tem-se refletido nas indústrias.
A palavra de ordem é sustentabilidade, e, para atingir este patamar, as empresas estão buscando redução do consumo e diminuição do desperdício em todos os aspectos.
Quanto à energia, não é diferente.
Especificamente quando se trata das indústrias químicas e petroquímicas, energia é fator vital, muitas vezes o insumo principal da produção. Reduzir custos e buscar fontes alternativas para suprir as necessidades energéticas são uma constante para estes setores.
E as empresas brasileiras saem na frente, com vantagens nesse aspecto.
O Brasil se destaca, quando o assunto é diversidade de matriz. A maior parte do abastecimento atualmente provém das hidroelétricas, consideradas fonte limpa.
O País é pioneiro na produção do biocombustível, iniciativa elogiada, inclusive, pelo governo norte-americano. A frota brasileira de veículos, em sua grande parte bicombustível, utiliza o álcool derivado do etanol da cana, o que contribui para a diminuição da dependência do combustível fóssil e também para a redução das emissões.
Outras fontes estão em evolução no País, recebendo investimentos para ganhos de escala. Por exemplo: hoje se estuda a aplicação de sistemas de energia solar em casas populares como meio de economia à população, a energia eólica vem ganhando escala, a ampliação da base nuclear ganha espaço no plano estratégico, a reciclagem energética do lixo -que gera energia térmica e elétrica- já conta com exemplos de sucesso no Brasil e a corrida pela eficiência da biomassa já chama a atenção de investidores.
Há também um esforço diplomático para que as tecnologias utilizadas mundialmente em países desenvolvidos na geração de energias limpas sejam compartilhadas com os países em desenvolvimento.
As indústrias brasileiras têm muito a ganhar em competitividade com os investimentos do País na plataforma energética.
No caso das companhias químicas e petroquímicas, os avanços têm sido notórios. As empresas dessa cadeia produtiva que participam do programa de melhoria contínua, “Atuação Responsável”, promovido pela Associação Brasileira da Indústria Química (Abiquim), registraram redução de 25% do consumo de energia em sete anos, sem que houvesse qualquer tipo de queda registrado na produção. Ainda, metade da energia usada por elas em seu processo produtivos é de fontes renováveis, devido ao perfil de consumo da indústria e à característica da matriz energética brasileira.
São resultados que mostram todo um esforço brasileiro em busca de um desenvolvimento duradouro.
Ainda há muito que ser feito, mas o Brasil está no rumo certo. Não queremos ser um país de um Produto Interno Bruto (PIB) monstruoso e, ao mesmo tempo com uma população miserável, ainda que haja desigualdade.
Estamos estruturando novamente nossa classe média e seu poder de consumo para que possamos contar com um mercado interno forte.
Nossa indústria já tem reconhecimento global por sua representatividade tecnológica e competitiva, mas ainda podemos melhorar esse quadro, como, por exemplo, dando cada vez mais suporte à pequena e média empresa, que são hoje uma faixa importantíssima de nossa economia.
Contamos com condições para sairmos do período de crise econômica mais estruturados do que nele entramos, mas precisamos fazer com que o desenvolvimento alcançado seja sustentável. Investir em energia é fundamental para equilibrar competitividade e sustentabilidade.