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"Depois da crise, ficamos mais iguais", diz Lula na Ásia

Astana, Cazaquistão. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse no Cazaquistão que a crise tornou os países mais iguais, abalou certezas e abriu espaço para a construção de uma nova ordem global. “Antes da crise, tínhamos países que sabiam mais do que os outros. Antes da crise, o Estado não tinha nenhum papel relevante. Depois da crise, todos nós ficamos mais iguais. Já não existe mais ninguém no mundo com certeza absoluta do que faz”, disse o presidente durante a visita ao palácio presidencial de Akora, sede do governo cazaque. “Por isso, existe uma possibilidade enorme de trabalho para a nova ordem financeira mundial.

Para isso, temos que reformar as Nações Unidas, e fortalecer e reformar as instituições financeiras internacionais, sobretudo o FMI e o Banco Mundial”, acrescentou Lula ao lado do presidente cazaque Nursultan Nazarba yev. Lula é o primeiro presidente da América Latina a visitar o país, que tem uma das maiores reservas inexploradas de petróleo do mundo. Segundo Lula, Brasil e Cazaquistão convergem na iniciativa de democratização da ordem mundial. “O mundo mudou, e é preciso agir conforme as novas regras”, disse. Ao descrever o encontro com o presidente cazaque, Lula falou: “Mencionamos as iniciativas para reformas das instituições econômicas e políticas”, disse, referindo-se à ordem global e não à situação interna do Cazaquistão, cujo presidente há 20 anos vem sendo reeleito em pleitos criticados por diversas organizações.

Brasil e Cazaquistão têm um volume de comércio ínfimo, de US$ 50 milhões, segundo a embaixada brasileira em Astana. Os números do governo do Cazaquistão são maiores, de US$ 270 milhões. A diferença se deve à triangulação no comércio que faz com que o país seja passagem para outros destinos de exportações brasileiras na região. Os dois países dizem ver um grande potenci al de expansão. Lula anunciou que, em setembro, o vice-ministro brasileiro da Indústria, Desenvolvimento e Comércio virá ao Cazaquistão e que o Ministério das Minas e Energia vai discutir parcerias na área de biocombustíveis e petróleo. O ministro das Relações Exteriores brasileiro, Celso Amorim, acrescentou que o BNDES e o banco de fomento cazaque estão próximos de uma parceria que pode prever o financiamento de investimentos.

Craques cazaques

Projeto. Durante o discurso que fez ontem no Cazaquistão, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva mencionou também um projeto que levou 26 adolescentes do Cazaquistão para jogar futebol no Brasil.

Fila. O projeto, Olé Brasil F.C., tem mais 11 jovens na lista de espera.

Fala: “Espero que os jovens no Cazaquistão não fiquem melhores do que os brasileiros, no máximo, iguais”, brincou Lula.