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Presidente antecipa acordo com usineiros

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva anunciou ontem na Organização Internacional do Trabalho (OIT) que na próxima semana trabalhadores, empresários e governo vão assinar um “acordo histórico” para melhorar as condições e relações de trabalho na produção de cana-de-açúcar. Para Lula, o trabalho no setor vai se tornar “mais digno e seguro” e a produção brasileira de biocombustíveis estará “cada vez mais cercada de garantias trabalhistas, ambientais e de segurança alimentar”.

O ministro do Trabalho, Carlos Lupi, foi claro na explicação de que o acordo, que não é obrigatório, ajudará a convencer a União Europeia a comprar o etanol brasileiro. Segundo Lupi, 600 empresas, representando 70% dos produtores de cana-de-açúcar já aderiram ao programa. Elas vão receber um selo de qualidade para provar que respeitam as regras.

A expectativa do governo é de usar o mesmo tipo de “diálogo socia l para humanizar o trabalho” em outros setores, como na produção de soja, também alvo de ataques no exterior. O governador de Mato Grosso, Blairo Maggi (PR), tenta fazer um acordo com a OIT para mostrar que estimula o trabalho decente, mas a entidade visivelmente tem dúvidas a respeito.

O presidente Lula foi em diferentes ocasiões fortemente aplaudido também quando informou que o Congresso brasileiro acabou de aprovar, “por iniciativa do Executivo”, a regularização de centenas de milhares de imigrantes que estava ilegais no país. Só de bolivianos são 50 mil, segundo ele.

“Alguns tentam transferir o ônus da crise para os mais fracos”, acusou Lula. “É aqui que aparece a face oculta e cruel da globalização. Cresce a xenofobia e os trabalhadores imigrantes se tornam os bodes expiatórios”, disse, numa clara crítica a políticas restritivas, sobretudo na Europa, e que afetam milhares de brasileiros. (AM