Com investimento total de R$ 78 milhões, a empresa gaúcha de energias renováveis BSBios aporta no Paraná para se consolidar como líder do setor no mercado brasileiro. Ela iniciará sua produção de biodiesel no estado em janeiro de 2010, na unidade de processamento de Marialva (região Norte), cuja aquisição do grupo Agrenco foi anunciada no início desta semana. A BSBios espera produzir no estado 95 milhões de litros no primeiro ano, ampliando a capacidade para aproximadamente 160 milhões de litros até 2013. Isso deve aumentar a participação do Paraná na produção nacional de biodiesel, hoje restrita a 0,6% do total, com 7,3 milhões de litros anuais. Em entrevista à Gazeta do Povo, o superintendente da BSBios, Erasmo Carlos Batistella, avalia que o projeto brasileiro de biodiesel está no caminho certo, o que leva a empresa a planejar a abertura de capital até 2013.
Qual será o peso da produção paranaense para que a BSBios atinja o objetivo de liderar o setor de biodiesel no Brasil?
Batistella, da BSBios: “ Falta competitividade para exportar o biodisel.”
Para chegar à liderança no segmento é importante estar presente nos centros de produção e nos principais mercados. Como maior estado produtor de grãos e segundo maior produtor de soja do país, o Paraná tem um peso muito importante para o setor de biodiesel e por isso integra nosso planejamento estratégico de longo prazo.
Qual a expectativa de faturamento da unidade de Marialva?
Nossa meta é faturar aproximadamente R$ 250 milhões já em 2010. Trabalhamos para concluir a instalação da usina até o fim de 2009.
Os planos contemplam a instalação de novas usinas?
Inicialmente, com a produção de Marialva poderemos atender toda a demanda do estado. Mas se hou ver necessidade e viabilidade, poderemos sim concretizar novos investimentos no Paraná.
O programa do biodiesel gerou muita expectativa que não foi atendida. Quais os principais obstáculos a serem superados?
Podemos afirmar que frente ao restante do mundo, vamos caminhando a passos largos. Por outro lado, ainda não temos condições de competitividade para exportar o biodiesel, mas o setor trabalha para que sejam criadas essas condições.
O que impede a exportação do biodiesel brasileiro?
São alguns fatores, como o “custo Brasil”, a desvalorização do câmbio e os incentivos fiscais de outros países para a mudança de matriz energética. Se tivéssemos uma proteção para a indústria nacional, exportaríamos o produto final com valor agregado ao invés de soja em grãos.
Quais as perspectivas para o futuro do setor?
No longo prazo, a matriz energética mundial deverá ser cada vez mais limpa, e o biodiesel será um dos produtos. A mistura poderá chegar a 20%, mas até lá será preciso muito trabalho de pesquisa e melhoramento de matéria-prima. Precisamos, por exemplo, descobrir a “cana-de-açúcar do biodiesel” – uma oleaginosa com baixo custo de produção e grande potencial de geração de energia.